Ponto Jor

segunda-feira, abril 30, 2007

Desnecessário é...

Sara Puerta

Simplesmente, o contrário de necessário! Certa vez um grande amigo contava a história de um porre. Daqueles, que te coloca uma nuvem negra sobre a cabeça e te põe para baixo, e terminou fazendo uma avaliação: “Desnecessário”, essa foi a conclusão da noitada, disse ele balançando a cabeça negativamente. Nunca mais esqueci essa expressão. Como uma palavra tão simples e tão comum pode dizer tanta coisa.

E outro dia, parei para pensar no amontoado de coisas desnecessárias que estamos assolados. Do monte de frases que escutamos e pensamos “Podia ir dormir sem essa!”

Desnecessário é ter que assimilar tudo. É ficar matutando o tempo inteiro. Desnecessário se desesperar com o fato do futuro ser muito incerto. É mais desnecessário ainda, aceitar as provocações baratas dos outros - essa é difícil, hein- e entrar em tretas que não levam a lugar algum.

E mais. É desnecessário um homem, que atua nos altos escalões da justiça, que ganha por mês mais de R$ 25 mil (e muitas, muitas mordomias) se envolver em propinas e corrupções, para receber mais um tutuzinho por fora. É necessário, nesse caso, não abaixar a cabeça e dizer conformadamente: “Desnecessário fazer alguma coisa. O Brasil é assim mesmo!”

Desnecessário ouvir merda o dia inteiro. Aceitar mixaria. Desnecessário dar “piti”. Desnecessário entrar na dança de querer sair sempre por cima.
Desnecessário achar que os maldosos estão certos, pois parecem mais fortes. Desnecessário banalizar sentimentos, filosofia e pensamentos.

Termino dizendo, que é necessário refletir sobre o que é realmente importante. Do que vale a pena se aprofundar e deixar o resto em um vão escuro e bem escondido contendo tudo de desnecessário, e, -como dizia o Science- para nunca lhe trazer danos.

Viva o necessário!

sexta-feira, abril 27, 2007

Geração fast food

João Prado

Sim, eu faço parte desta geração. Sim, pretendo comentar suas generalidades nesse post. Na verdade, são slides que há algum tempo estão fixos na minha cabeça e que, agora, pretendo publica-los (não vale uma idéia se ela não é publicada ou comentada).

O que estou querendo dizer, e acho que enrolei muito já, é que considero a nossa geração (de 90 para cá), a geração do fast food. Tudo rápido, digerido e fácil demais até para tentar ser comprovado. Aliás, para que comprovar as coisas se “elas estão aí como estão”. Está tudo muito certo ou errado, sem lances de risco, sem opinião e com muita previsão sobre tudo – o que não falta é Mãe Diná do mercado financeiro, da área médica, tecnológica e cultural.

Conforme Chico Buarque já disse: “No meu tempo as mulheres bonitas eram de esquerda. Hoje são de direita”.

Pois é. Não existe mais esquerda e direita, nê?

Até existe, mas a esquerda não entusiasma mais e a direita também não assusta (e vice e versa para os mal humorados de plantão). Mas é grave quando tudo fica parecido. A oportunidade de enganar e ser enganado fica mais fácil. A chance de se comprar uma idéia ou produto, que você estima ser outro, é maior também.

Mais grave ainda são as pessoas que não saem mais para as ruas. Elas fogem para as suas casas, com medo. Ninguém quer mais dar a cara à tapa. É simples. As mulheres querem amor com intenção e os homens disfarçam fazer sexo sem intenção. Os repórteres, cada vez mais, já não gastam mais a sola de seus sapatos - Mr Google agradece. Os gays estão cada vez mais musculosos e as lésbicas precisam se tornar cantoras para serem respeitadas.

Excesso de pudor? Acho que sim.

Até a arte, desculpa a indiscrição, fica chata.

Não acho que essa seja a pior das gerações. Não vivi as outras para saber. Mas acho que, até agora, o drive thrur tem sido o caminho escolhido.

Nesse feriado, experimentem deixar a preguiça de lado. Façam sexo, sorriam e deixem as idéias aflorarem. Nós ainda vamos precisar muito delas!

quinta-feira, abril 26, 2007

Eles também têm bananas

Daniel Consani

Que o Brasil é uma republiqueta, todo mundo já sabe. Que um país que tem em "Veja" sua publicação editorial mais lida, e em Diogo Mainardi o colunista mais comentado, parece mais do que óbvio que seja também considerado a “república das bananas”.

Até aí, grande merda. Qual é o lance?

Se pois, se. (Guimarães Rosa dá um grito do túmulo!)

O problema é que ao invés de estarmos sendo invadidos por valores retos e lógicos dos países desenvolvidos, estamos exportando as bananices!

Vejam as eleições na França. Um número recorde de eleitores compareceu às urnas, para escolher entre Sarkozy e Royal. Quanta mediocridade. O primeiro, direitista, promete ação contra os imigrantes. A segunda, esquerdista, discursa sobre os valores tradicionais franceses. A diferença entre ambos, onde está? Ninguém sabe, ninguém viu!

E a discussão de projetos de governo? Sei lá.

E a reforma trabalhista, carência escandalosa em um país a beira de um colapso social, cadê? Vai saber...

E a reforma da Previdência, deficitária há décadas? O quê?

Pois é. Não estamos sozinhos. Eles também são dignos do título “republiqueta”!

Enquanto isso do outro lado do Atlântico...

Bush dança pela malária.

Eles também têm bananas.

quarta-feira, abril 25, 2007

Vou te contar uma história about myself.

Daniel Boa Nova

Terceiro ano e morando fora de casa. Sentia que a vida era mais séria do que passar o dia dando uns dois para, à noite, tomar umas e outras. Bem sabemos: futebol, sesta e Sessão da Tarde nunca botaram comida na mesa de ninguém e o trabalho é que enobrece o homem. Não que eu estivesse passando fome ou quisesse me tornar um aristocrata.

Foi quando decidi dar a primeira investida no famoso, temido, o inevitável mercado de trabalho. Um anúncio no mural da faculdade e lá estava eu, ganhando 500 merréis por mês para ser atendente de museu. Isso incluía expediente aos sábados e domingos... mas eu era jovem, cara, cheio de energia e precisando de uma chance. Durou quatro meses se muito.

De lá para cá, não parei mais. Até viajei logo depois de formado, mas não na condição de férias remuneradas. E quem está sabe bem: desemprego não é férias.

Daí que as minhas venceram no começo do ano e fiquei um tempo tentando sincronizá-las com o andamento dos projetos na casa e com as minhas reivindicações frente a instâncias superiores. Bem, alguns meses se passaram e os projetos continuam chegando em cascata, enquanto que as reivindicações já não foram atendidas. Ou seja, cerveja!

Marquei um mês inteiro, a partir do dia 2 de maio. Tempo de sobra pra levar um lero com as mariposas que insistem em habitar minha casa. Para ouvir discos de vinil em caixas de som velhas e também para organizar minhas mp3. Para ensinar a um pássaro como esse uma canção como essa. Para viajar, transcender, explorar ambientes desconhecidos e refletir sobre como fazer nada da melhor maneira.

É, me parecem ótimas idéias. Se tudo correr bem, mando um postal.

segunda-feira, abril 23, 2007

O Rio de Janeiro continua sendo...


por Sara Puerta

Você abre o jornal e dá de cara com a imagem de um policial com um fuzil na mão ao lado de uma criança brincando de boneca. E fica a pergunta: essa é a Cidade maravilhosa!?

Sim, é maravilhosa ainda. É como São Paulo, é cheia de contrastes. Tem branco, preto e muitos tons de cinza.

Tem a linha vermelha, amarela e os túneis que dão medo de atravessar. Sai muito tiroteio. Piadas com balas perdidas no Rio de Janeiro são comuns. Uma pena. Algo triste que beira o banal. Não é engraçado. A miséria virou normal e ainda dá para faturar com isso.

É a Miséria S.A!Em alguns hotéis tem panfletos de tours (em inglês) na Rocinha, no Morro de São Conrado e até no Alemão. Os gringos, que vão à praia de calça jeans e papete, ficam admirados com a estrutura da comunidade. Mal sabem do resto!
Mas olham com receio. Será que os cariocas fizeram do limão uma limonada?

De outro lado, ou quase do lado, bem pertinho, tem o Rio de Janeiro do Manoel Carlos. Zona Sul: Copacabana, Leblon, Leme e Ipanema.

Ali respira-se boêmia, bossa-nova, nada de homofobia, bandeiras coloridas do GLS – sem aquele ar de underground- mulheres que passeiam sem medo com o cachorro peludo, chopp e pessoas malhadas.

É parceiro! Ali não tem Muro das Lamentações, nem faixa de Gaza. A cidade do funk e da guerra dos tráficos está do lado da cidade das novelas da Globo.
Problema nisso!? Cada um acredita no que vê! Para os figurantes globais a ignorância é uma benção! O medo paralisa!
Para os outros: Instinto de sobrevivência!

sexta-feira, abril 20, 2007

Érica, da Vila Carrão

João Prado

Érica, 17 anos, atende às mesas do bar de Seu Barroso, um dos melhores assados que eu já comi. Preta (ou quase), a menina com os olhos de mulher madura sofre para entregar as bandejas com as costelas e as cervejas, nas mesas lotadas que interrompem a passagem na calçada.

Calor. Talvez uns 30 graus. “Quer mais uma cerveja?”, diz a moça, que também sofre com as cantadas baratas e inevitáveis quando a bebida encontra um amontoado de machos. “Sou amigo de Barroso há muito tempo. Isso aqui é a minha segunda casa. Catso! Cadê a porra da cerveja?”, grita Moraes, morador da Vila Carrão (zona leste de São Paulo) há 25 anos. Érica chega, logo em seguida, com duas garrafas na mão.

Érica é mais uma das muitas mulheres que existem no Brasil. Ainda jovem foi morar sozinha (talvez para fugir do crack ou da merla). Grávida (o futuro pai tem 16 anos), não cogita a hipótese do aborto: “Quero ter meu filho. Acho que chegou a hora de eu ser mãe”, ressalta, com o rosto sereno e firme.

Depois da bebedeira de seis horas seguidas, Seu Barroso começa a pedir folga: “Vamos embora, gente! Vocês não têm família?”. Érica fica com os outros dois funcionários. Ela ainda tem que terminar o seu digno trabalho. Lavar o chão, o banheiro e recolher o lixo.

Quem vamos culpar?

João Prado

Não que seja uma exclusividade dos nossos tempos. Mas em toda tragédia ou fato que interrompa (pelo menos por alguns minutos) a nossa rotina, a primeira atitude é procurar e apontar os “culpados”. Isso é a retórica dos fracos, de quem é vazio demais para enfrentar ou discutir uma questão.

Sobre o episódio na Universidade Virgínia Tech, li os jornais, os blogs e observei as opiniões das pessoas. Nada contra as idéias divergentes – são elas que brigam e não as pessoas -, mas botar a culpa dessa barbárie nos filmes ou nos games é um absurdo. A arte é fantasia e quem não consegue separar o imaginário do real, com certeza, vai acabar como Cho Seung-hui.

Não sou um consumidor e conhecedor de games. Mas também não acredito que são eles os responsáveis pelos atentados nas universidades americanas. Quem escreve bem sobre o tema é o escritor Daniel Galera, no blog que ele mantém no nomínimo.

Em relação a comparação da violência, entre o Brasil e o Estados Unidos, não há base para uma relação. Aqui, país pobre, o sangue não tem caráter ideológico. É conseqüência social. Lá, país rico, a universidade é o palco da matança (vale ressaltar que as mortes em centros de estudos já somam 110, desde 1996).

Agora, de quem é a culpa? Deus? Diabo? Bush? As armas estão aí, no comércio legal e ilegal, para serem consumidas e utilizadas. Qualquer calibre tem uma só finalidade.

Minha pista é que a culpa também faz matar. Ela perturba e ofende quem a sente.

quinta-feira, abril 19, 2007

Os 32 da Virgínia

Daniel Consani

Nada mais sintomático, simbólico e icônico. É o mundo pós-Guerra Fria, pós-11 de Setembro, e em plena vigência dos modelos neoliberal e pós-modernista.

A globalização que sempre quisemos finalmente chegou. É um coreano dizimando estadunidenses, egípcios, indianos e latino-americanos.

O motivo: a opressão do sistema, segundo o exterminador; distúrbios mentais, segundo o sistema opressor.

Restam palavras ao vento. Vidas interrompidas. Promessas não cumpridas. Festas canceladas. Toques de telefone sem resposta. Livros pela metade.

Reema Samaha, natural da Virgínia, se foi. Tinha 18 anos. Gostava de dançar e atuar. Estudava francês quando um tiro... Au revoir.

Sinto saudades de Reema e dos outros 31.

Pela foto acima, Mona e Randa, respectivamente mãe e irmã de Reema, também sentem.

Tragédia. Catástrofe.

Em editorial, o New York Times levanta uma bandeira.

Penso no Brasil. E no referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo. Acho que todos temos algum distúrbio mental.

quarta-feira, abril 18, 2007

O som do senhor da carapinha vermelha.

Daniel Boa Nova

Que ano foi? Dois mil e dois? Acho que isso. No SESC Pompéia, o intuito era conferir as apresentações de Black Alien, Mad Professor e, principalmente, do mestre Lee Perry.

Você sabe, Lee Perry, a pedra fundamental do dub, que já tomou tudo o que podia e fumou mais um pouco. O mestre não é meu, foi de Bob Marley.

Uma notícia vazou naquele dia à tarde, depois confirmada no local: o tiozinho não viria e quem quisesse poderia devolver o ingresso. Não embarcara por ter pressentido que aconteceria um acidente aéreo por aqui. Diz a lenda que na mesma semana ocorreu um acidente, com um avião onde Perry não estaria.

Mas sua banda não compartilhou da premonição e compareceu. Fizeram uma apresentação espirituosíssima acompanhados por Mad Professor. Inesquecível.

Daí que anunciaram o show do velhinho para o Abril Pro Rock deste ano, que traria parte de suas atrações para uma edição-extra em São Paulo – algo que já acontecera em 2001, quando uma mini-edição do evento recifense apresentou Jon Spencer à cidade cinza. Lee Perry também tocaria no Rio no último sábado, no Circo Voador.

Aqui, o que se pôde ver na noite de ontem foi algo decepcionante. O Via Funchal aquém de sua capacidade - eu diria mil pessoas se muito. Imagine cortinas ao fundo. Da galera, não do palco. Antes do show começar, ouço dizerem no banheiro: "sabia que 6 em cada 10 brasileiros têm hemorróidas?". Continuo enrolando e torcendo para ser minoria. Bem, o show começou.

A banda entra antes, sozinha, para assumir seu posto de coadjuvante coesa. Um pouco depois surge o tiozinho, com seus mil colares e anéis e chapéu de mágico. Por incrível que pareça, ainda está com muita voz e, claro, o lado espiritual da coisa toda está ali presente. Mas o que eu queria ver mesmo era o cara atrás de uma mesa, fazendo sua alquimia. Do jeito que está me soa ordinário, no limite do burocrático.

Lee Perry quase não se move, esporadicamente circula. Talvez fosse demais pedir que pulasse e desse voadoras aos 70 e poucos, mas por isso mesmo insisto na mesinha, nos efeitinhos. Seu set é muito mais reggae que dub - perfeito para quem curte o roots, mas longe de cumprir a (minha) expectativa. Parece que ele priorizou o último disco, que admito não conhecer. E o show não durou mais que uma hora.

No bis, a impressão foi que todos chegaram ao camarim e se perguntaram “o que você sabe tocar de Bob?”. Voltaram, mandaram duas e adeus. Um bom show, mas não imperdível. O que ficou de mais forte foi o fato de poder sair e dizer “eu vi o cara”.
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A boa surpresa da noite ficou por conta de um tal Los Alamos, banda argentina até então desconhecida para mim e que abriu o show. Seu som estradeiro e psicodélico parece bom para embalar uma viagem. Algo próximo de um Black Rebel Motorcycle Club latino. A conferir.
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A idéia era ilustrar o post com fotos, mas não permitiram entrar com o aparato. Se alguém tiver algo, entre em contato que o crédito é garantido.

terça-feira, abril 17, 2007

Mitsubishi Motorsports

Luís Pereira

Regularidade, equilíbrio, aventura, adrenalina e muita poeira em meio a belíssimas paisagens foi a brincadeira de adultos e algumas crianças nesse final de semana. No sábado, 14 de maio, aconteceu a primeira etapa do rali de regularidade Mitsubishi Motorsports 2007, em São José dos Campos.

Para quem não sabe, um rali de regularidade é aquele em que o mais rápido não, necessariamente, vence a disputa. Ganha o competidor que tiver mais perícia e equilíbrio.

A competição funciona da seguinte forma: com uma equipe formada por piloto e navegador, momentos antes da largada, as duplas competidoras recebem a planilha que serve de guia para a etapa. Nessa planilha constam dados como quilometragem, média horária, trechos e ações que devem ser executadas a cada momento.

Ao longo de todo o percurso, postos de controle, equipados de fotocélulas que registram o exato momento da passagem dos veículos, estão escondidos para fazer a avaliação dos competidores. Quanto mais adiantados ou atrasados, pontos são descontados.


Três categorias promovem a participação de todos os proprietários de carros da Mitsubishi interessados no rali: Turismo Light, para iniciantes; Turismo, para competidores com alguma experiência; e Graduados, para o competidor experiente. Além do piloto e do navegador, os famosos Zequinhas podem pegar carona nas categorias Turismo Light e Turismo.

No total, 244 carros foram inscritos, e os vencedores de cada categoria foram:

Turismo Light: Adriana Rodrigues e Jorley Junior, de São José dos Campos - SP, correndo com um jipe Pajero Sport.

Turismo: Rodrigo Meinberg e Renato Meinberg, de Santana do Parnaíba - SP, correndo com um Pajero Full.

Graduados: André Fornari e Orestes Bacchetti Júnior, de Jundiaí - SP, correndo com um Pajero Tr4 R.

Por meio de um evento muito bem organizado que promoveu aventura, adrenalina e um prazeroso dia, recheado de belas paisagens e um contato próximo com a natureza, a Mitsubishi demonstra potencial tanto no marketing quanto na sua linha 4X4, que “deitou e rolou” nas estradas de terra.

Preocupada também em promover ação social, a Mitsubishi fez questão de levantar a bandeira da cidadania e cobrou, como taxa de inscrição por carro, 30 quilos de alimentos não perecíveis, que foram doados a uma instituição local no final da competição.

* Vídeo editado pelo meu talentoso e paciente parceiro Guilherme Leite.
* Fotos: Teo e Tomás - Mitsubishi.

segunda-feira, abril 16, 2007

Super Star

por Sara Puerta

A cidade de São Paulo será um dos cenários para a visita do Papa Bento XVI ao Brasil. Digo cenário, pois a cidade vai ter seu dia de “Show de Truman”. Como o Rio de Janeiro teve seus dias quando recebeu o Comitê Olímpico.

As imperfeições da cidade vão ser escondidas. Afinal, um homem de tanta poupa não pode ver a verdadeira miséria. Quando o “bom velhinho com suas vestes branquíssimas” pisar na Praça da Sé não vai ter um só mendigo ou menino de rua para aclamá-lo. Não que eles não queiram, é que a Polícia Federal vai tirá-los de lá. Pra onde eles vão? Não tenho a mínima idéia. Talvez, no subterrâneo as “pessoas de má sorte”(era assim que alguns estudiosos definiam os primeiros moradores de morros e cortiços) construam uma sociedade para elas.

Segurança total

Nem só por Deus o papa é protegido (ao contrário de nós, que contamos apenas com sua onipotência e onipresença!).
Serão 400 agentes da polícia federal, todos com histórico de vida investigados. Não vale ter na ficha atos terroristas, passagem na polícia por conta de brigas, drogas, roubos. No Pacaembu, os jovens vão passar por revistas e se desse pra investigar a vida de cada um, com certeza o fariam. Assim, o papa ficará envolto por santos e santas.


Nada contra reuniões religiosas. Mas, fica a desejar aquela imagem “utópica” de líder espiritual, religioso: o ser humano simples, que abdica de riqueza, e, sim, envolvido da “carne às raízes” com as pessoas de má sorte.

Curiosidade
Eu não deveria falar assim. Minha família diz que eu só nasci por conta de uma promessa ao Papa João Paulo, na visita dele ao Brasil em 1980. Em junho desse ano, minha mãe participou de uma corrente de pedidos e nove meses depois, nasci.
Vou me oferecer para ser voluntária na visita dele, então. Meu passado!?

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1604200714.htm

sexta-feira, abril 13, 2007

No final das contas... Goze!


João Prado
Semana corrida, post de última hora. Tenho pautas na cabeça, mas nada que ainda mereça uma linha sequer. Falta surgir um personagem... Sempre estou à procura de um. O caso é que não adianta forçar a barra, tem que esperar acontecer.

Resolvi então escrever sobre uma idéia que me segue nos últimos dias: a obrigação de gozar a vida! As pessoas que enfrentam as horas de trabalho, que não tem tempo para absolutamente nada, como também os chamados “vagabundos” (esquece o Kassab), que passam contando os carneirinhos, cachorrinhos, burrinhos, ratinhos e sofrem seriamente de embotamento cerebral, têm sim, o direito de desfrutar na plenitude.

O bode é necessário também, mas tem limite. Para quem acompanha os jornais diariamente (como eu, por pura força da profissão) segue uma dica: desconfie do “peso” que as manchetes pessimistas transparecem ter. Claro que, inevitavelmente, você se depara com coisas que emperram o pensamento de que “tudo pode melhorar”. É CPI fajuta para todos os lados - como a do setor aéreo e a da Nossa Caixa -, além das habituais mortes, misérias, dores e odores que acompanham os que vivem ou “vévim” em qualquer canto, de qualquer cidade.

Morte ao mau humor eterno! Seja ele vestido de gravata ou de chinelo. Todo cidadão tem o direito de ter a sua cota de puteza com a vida (no caso das mulheres, o prazo de duração pode se estender por questões da génetica. Na maioria das vezes, as fêmeas merecem o perdão), mas todos têm que se lembrar de sair da fila de vez em quando.

Eu estava puto. Até lembrar que hoje é sexta-feira (13).

quinta-feira, abril 12, 2007

Condolências a um gênio

Daniel Consani

Dia lindo. Sol, poucas nuvens. Hoje tem show do Aerosmith. Estarei lá. Chego na redação. Bom dia, bom dia. Ligo o computador. Folha Online: “Escritor norte-americano Kurt Vonnegut morre em Nova York”. Que dia de merda.

Exagero, claro. Mas o mundo está mais pobre. Com certeza. E triste também.

Lembro da primeira vez que li “Matadouro 5”. Que sensação maravilhosa. Queria poder sentir aquilo de novo. Descobrir Vonnegut (assim como Borges, Machado, Márquez, entre outros) é crescer, é vencer, é transcender.

Nessa verdadeira obra-prima, Vonnegut escarafuncha a idéia de destino, fardo, livre arbítrio e a natureza ilógica dos humanos. O personagem central da obra, um ex-combatente dos Estados Unidos que tenta escrever sobre o que aconteceu com ele durante a Segunda Guerra Mundial (basicamente, o bombardeio aliado sobre a cidade de Dresden), é efêmero e não pertence a tempo algum. Ele vive os mais diversos eventos de sua vida de forma aleatória. O resultado: a morte não é o fim de tudo; ele vivencia sua própria morte em meio a todas as outras coisas que viveu, vive e viverá.

Bem fragmentado. Bem pós-moderno. Mas brilhante.

“Eu visitei trinta e um planetas não habitados... Apenas na Terra há esse papo de ‘livre arbítrio’”.

Para Vonnegut, os seres humanos são completamente inconseqüentes. Fazem o que fazem porque precisam. E ponto.

Pouquíssimas pessoas conseguiram expor com tamanha precisão as fragilidades e as entranhas do ser humano.

Ele também me ensinou a não levar a vida tão a sério.

Que outros planetas sejam agraciados com o talento de Vonnegut.

Queria só dizer “obrigado”.

quarta-feira, abril 11, 2007

Crônica do que seria uma resenha

Daniel Boa Nova

Não posso me esquecer de lembrar: o horário de saída é 18h30. Ainda que seja um favor pontual o que me pede, estou na escada com a mochila nas costas e o computador desligado. Hoje só amanhã.

A idéia da noite é conferir o debate Os Portais da Informação e os Jornais Online, com Daniel Piza (editor do Estadão); Márion Strecker (diretora de conteúdo do UOL) e mediação de Marcelo Rubens Paiva e Marcelo Tas. O local é um predinho reformado e bonito no centro de sampa, o Centro Cultural Banco do Brasil (que, por sinal, merecia um site próprio de qualidade). Só um pequeno detalhe: começa às 19h30 e é necessário retirar senha com meia hora de antecedência. Fuck!

São 18h55 quando chega minha vez na Ponte Orca. Em 5 minutos começam a distribuir as senhas. Penso em abrir mão, ligar para algum amigo e ver se rola um Playstation... Mas não, não. Vamos ver qual que é.

Desço a escada-rolante da Estação Vila Madalena às 19h08. Tomara que dê. Se não der, vou sentar em uma mesinha, pedir uma breja e mandar um dog. Até a Sé são 10 estações, uma baldeação e já tô ficando filho da puta de fome.

19h31, estátua do Padre Anchieta, Praça da Sé. Entre cheiros e biotipos diversos, aperto o passo. A Álvares Penteado está um breu e apinhada de catadores. Fuck. Se tivesse menos movimento, seria meia-volta. Vai saber.

Mas enfim, cheguei. Entre 5 e 10 minutos depois do horário de início. O local está lotado e sou encaminhado para um auditório ao lado, com transmissão simultânea. Era só o que me faltava: um computador com conexão igual ao lá de casa. Mas não, é um telão. E sou o único aqui.

Peraí que alguém me chama. Ah, conseguiram um lugar para mim. Vou ali e já volto.
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Este e alguns outros eventos estão dentro do programa Cronicamente Viável - que durará o ano inteiro, sempre com coisas bacanas uma vez por mês e transmissão via TV UOL. Vale a pena conferir.

terça-feira, abril 10, 2007

Ilusões

Luís Pereira

Sempre fui fascinado por obras ilusionistas, tanto as que os mágicos fazem até as gravuras, pinturas e fotos de diversos artistas. Passava mal vendo o David Copperfield voando ou fazendo a Estátua da Liberdade desaparecer.



E ficava enfeitiçado com as obras de arte de Salvador Dalí.










O fato é que recentemente tenho visto várias fotos, pinturas e gravuras ilusionistas na internet. Na rede podem-se encontrar milhares desses trabalhos ou simples obras do acaso que acabam tornando-se do gênero.

Como essa curiosa foto abaixo, que, por acaso, cria uma surpreendente ilusão.

Se você reparar bem, o frisbee amarelo está no chão, mas a sombra do frisbee preto faz parecer que ele também foi lançado.

Tem também as fotos montadas que criam ilusões. Algumas ficam bem feitas, outras engraçadas.

Acredito que um novo modelo de ilusões também está sendo criado na era digital. Surgem, cada vez mais, prestidigitações (se é que assim posso chamá-las) como essa:
Causa um efeito de rotação. Loco, não?

Um artista contemporâneo que jamais poderia deixar de ser citado nesse post é o incrível Julian Beaver.


Ilusão em 3D. O cara é fora de série.

Às vezes me pergunto porque essa confusão dos sentidos que distorce a nossa percepção é tão aprazível e nos causa tanta satisfação em simplesmente admirar. Acredito que, além de outros fatores, esteja relacionado com a necessidade natural do ser humano de, por vezes, sair da realidade, viver uma fantasia ou algo do tipo.

Para os aficionados por ilusões, sugiro o site Mighty Optical Ilusions. E boa viagem!

segunda-feira, abril 09, 2007

Duas

300

por Sara Puerta

Repetindo a nota do colega Daniel Consani. Eu gostei. Sei que é filme de macho, mas eu recomendo para qualquer mulher. Pra que serve uma palestra de motivação, perto de Leônidas comandando o exército de 300 espartanos contra dois milhões de persas.

Da mesma forma que Sin City do Frank Miller, uma história em quadrinhos, virou filme, o longa 300, do mesmo autor, conseguiu reproduzir as páginas do gibi na telona. E muito bem. Acho que começou uma nova era no cinema.

E para quem não está interessado em efeitos especiais e fotografia, 300 é mais um filme épico de batalhas sangrentas –lembra de Tróia, Gladiador, Coração Valente – com um protagonista que fala pouco, faz muito, apaixonado e corajoso. É a visão feminina em um filme de menino.
Mas ele também é frio como Rambo e John McClane (Duro de Matar). É capaz de comer uma maçã no meio dos mortos.
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Cadê a padaria?

As opiniões se dividem. Mais uma do Gilberto Kassab (que já está sendo ameaçado de desemprego. Para conferir é só passar no metrô Paraíso) com o projeto Cidade Limpa. Tira os outdoors, fachadas do comércio e tudo tem sido muito rápido ( funciona até no feriado). Quem voltou do final de semana deu de cara com uma cidade cheia de estruturas sem luminosos e placas sem informação.
Que a cidade está cheia de poluição visual, isso é verdade. Mas, será que tudo isso é necessário agora? Bom, que isso seja o primeiro passo pra um cidade limpa, com mais árvores e não pareça uma metrópole arrasada por um furacão.

sexta-feira, abril 06, 2007

Alô Paraisópolis!

João Prado
Quarta-feira, 4 de abril. Às 10h45 da manhã eu estava na rua Melchior Giola, favela do Paraisópolis, para cobrir a inauguração do “Fale Bem”, um centro de telefonia via internet (Voip), que foi instalado por uma empresa privada de São Paulo. Não se trata de caridade e sim de negócios, já que o serviço da ligação vai ser cobrado (0,13 centavos por minuto para ligações locais e R$ 0,39 centavos para as chamadas de longa distância). O fato é que essa iniciativa traz uma economia em telefonia de 60% para os bolsos dos moradores da comunidade, que atualmente dependem de orelhões que não completam ligações DDD ou do raro sinal para se comunicar com um parente via celular: “As filas para ligar de orelhão aqui são enormes, todos os dias. E celular aqui é difícil”, contou Gilson Rodrigues, chefe representante da comunidade. Rodrigues também disse que os boicotes da Telefônica, por causa dos chamados “gatos” (ligações clandestinas), acabam prejudicando milhares de pessoas. (Porra, Telefônica. vai pra puta que pariu!).

Para quem não conhece, Paraisópolis (de paraíso, mesmo) é uma favela encravada no nobre bairro do Morumbi. Vista por cima – como pude fazer em cima de uma laje que o Gilson me levou – é um vale, um buraco com casas espremidas em vielas pequenas. Moram cerca de 80 mil pessoas, em 17.730 domicílios (casas de alvenaria e madeirite), construídos sobre um milhão de metros quadrados. “... esgoto a céu aberto e parede madeirite, de vergonha eu não morri, to firmão, eis me aqui”...”, canta Mano Brown.

Há cerca de quatro anos, a cidade-universo-Paraisópolis está passando por um processo de reurbanização pelas mãos responsáveis de seus moradores. Poder público, nécas como sempre. Um projeto-piloto foi inaugurado com a administração da Marta Suplicy. Algumas casas foram pintadas e árvores plantadas, mas ano após ano as obras para valer mesmo (de saneamento básico) estão em ritmo de charrete, para não dizer paradas. No famoso “arregaça a manga e faça você mesmo”, a comunidade está construindo e criado as tais “possibilidades”. Lá, tem biblioteca com um ótimo acervo (aceita doações) - que ainda conta com o serviço de fazer currículos -, além de locadoras de DVDs, lanchonetes (MC Esfiha), lojas de roupa e mais uma porção de serviços que parece fazer girar uma economia interna. Tudo feito por gente que mora lá!

Ainda falta? Muito. Mas falta também a divulgação de coisas boas. Não é atoa que o povo periférico reclama que a imprensa só vai até lá para cobrir desgraça, homicídio e tudo mais que também rola em Higienópolis e até nas internas do Congresso -, mas que não recebe a mesma atenção quando o prato é o sangue frio. “Criamos um jornal aqui, que é justamente para divulgar as coisas boas que temos. Mas falta dinheiro para a impressão”, explica o jovem Rodrigues. Ele ressaltou que houve uma tentativa de pedir a verba para a subprefeitura do Campo Limpo, que alegou a falta de $$$$$$ (afinal, para que servem essas porras?).

Aê rapaziada, (quem chegou até o final desse post) se me ajudarem a fazer um abaixo assinado on-line, pedindo verba para o jornal comunitário de Paraisópolis, eu juro que vou até a prefeitura e entrego.

Vamos ver o que acontece?

quinta-feira, abril 05, 2007

Notas de uma semana "santa"

Daniel Consani

300

O excesso de testosterona está em alta em Hollywood. Depois de o excepcional “Os Infiltrados” ter faturado quatro estatuetas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, na última sexta-feira estreou por aqui o belíssimo “300”. O mais estranho: o filme é “só” belíssimo. Sim, porque o conceito é mais ou menos, o roteiro (que não se propõe a ser fiel à História) é bom; as atuações são boas, a montagem é boa. Mas a fotografia é esplêndida. Vale o ingresso.

Cheirou o pai

Até então, essa foi a notícia mais estranha e engraçada de 2007. Cada uma...

Henry Sobel

Em meio a tantas asneiras ditas e escritas acerca do caso de furto protagonizado por Henry Sobel nos EUA, alguém foi brilhante.

Não apaguemos a história de um homem como ele.

Caos nos hospitais. Americanos

Fiquei impressionado com essa notícia do New York Times. “Alguns hospitais ligam para o 911 para salvar os seus pacientes”. O século XXI começa a mostrar as suas garras para a grande potência. Tanto cá como lá, o termo “política social” parece ser desconhecido.

Leão cai

Depois de enxotar Tévez, Mascherano e Carlos Alberto, o técnico Émerson Leão sai do Corinthians deixando um rombo atrás de si. Foi tarde.

Romário

O Gama estragou a festa do Vasco ontem e se classificou para as oitavas-de-final da Copa do Brasil. E o suposto milésimo gol de Romário ficou para a próxima. Pena, Baixinho. Foda-se Eurico.

quarta-feira, abril 04, 2007

The Evens e o show de civilidade


Daniel Boa Nova

Alguém que domina seu instrumento de uma maneira muito própria. No caso, falo de uma guitarra. Barítona. Sem qualquer distorção, apenas uns poucos efeitos e uma muito bem executada bateria acompanhando, era o mínimo necessário para rechear confortavelmente os cerca de 200 pares de ouvidos presentes. Entre eles, fãs de hardcore e punk rock, alunos da USP, alguns manos locais e uns perdidos tipo eu. Todos reunidos no Centro Cultural da Juventude, atrás do Terminal Cachoeirinha, em pleno Dia da Mentira. Em turnê pela América do Sul, a banda se apresentara no SESC V. Mariana na mesma semana.

Ian Mackaye é o nome do sujeito. À frente do Minor Threat, foi um dos responsáveis pelo surgimento do hardcore. Estamos falando de Washington DC, início dos anos 80. Ali, sem querer, lançou o estopim de uma cultura denominada straight-edge – ao cantar a plenos pulmões seu estilo de vida livre de vícios em uma música com esse nome. Da parte dele, nunca foi uma apologia e sim um desabafo, mas muitos transformaram em dogma.

Imagem e semelhança do “faça você mesmo”, desde cedo Ian Mackaye teve seu próprio selo, a Dischord Records. Por lá os discos dele e de bandas do seu conceito saíam com preço sugerido impresso na capa: algo em torno de 8 dólares. Seus shows também sempre tiveram valor máximo afixado para a entrada. Atitude mais punk do que qualquer moicano ensebado.

Foi pela Dischord que veio à luz o mais significativo de seus outros projetos, denominado Fugazi. Antes dele, Ian Mackaye também se envolveu em um tal Embrace que, de acordo com o que me foi dito, é o “pai involuntário do emo”. Só que eu não gosto de emo.

O Fugazi esteve na ativa de 87 a 2002, mantendo os mesmos princípios filosóficos. Você nunca assistiu a um clipe do Fugazi porque eles simplesmente não fizeram: sempre se recusaram a aparecer na grande mídia e ainda assim venderam milhões. Lançaram 8 discos, algumas compilações e passaram pelo Brasil em duas ocasiões: 94 e 97. Não estive em nenhuma das duas, mas não é por arrependimento que vou dessa pra uma melhor.

Era necessário falar tudo isso para poder chegar ao The Evens, a atual banda de Ian Mackaye. E foi por pedir em voz alta algo desse antigo repertório no show de domingo que um espectador tomou um bem humorado corretivo. Afinal de contas, estamos em 2007 e, se alguma banda vai mudar o mundo, essa banda existe hoje e não no passado. Nada mais lógico (e o público foi ao delírio).

Ainda não tinham tocado sequer um acorde e pediram para que todos se sentassem no chão. Uma exigência civilizada em se tratando de uma dupla que tocaria sentada sobre um palco que media meio metro de altura. Agora todos assistiam. O show começa e quem cresce em cena é a outra metade da banda, a baterista Amy Farina. Magérrima e meio hiponga, a esposa de Ian Mackaye toca uma batera de dar inveja. Tem um estilo muito próprio e sabe como inserir alguns efeitos sonoros em seu aparato. Fora os momentos em que assume o vocal, que são vários e bem-vindos. Um quê de PJ Harvey, mas com muita personalidade.

Luzes acesas todo o tempo, nenhum efeito visual. Não tenho como citar faixas por nome; foi o primeiro contato que tive com o repertório. Digamos que foi algo intenso. Melódico, mas pesado. Algo do Fugazi estava ali, mas não tudo. De fato, punk-folk seria o rótulo mais indicado, só que isso nem de longe resume o conceito sonoro apresentado - agradável tanto para fãs antigos do sujeito quanto para gente que nunca ouviu falar de quem se trata. Em algumas faixas, o convite ao público para que cantasse em coro; bem bacana. Creio que o mais indicado pra conferir é fuçar no YouTube mesmo. Aqui e aqui você tem uma idéia.

Entre uma faixa e outra, mensagens de cunho político faladas em um inglês pausado, que a maioria entendeu. Contra Bush, a polícia e os governos em geral, mas sem soar panfletário ou partidário - por incrível que pareça, Kassab e Serra estiveram no local no mesmo dia, um pouco mais cedo. Em um dos últimos intervalos, o diferencial: um agradecimento a quem correra atrás das músicas da dupla, ainda que via download ilegal. Algo que ele explica bem o porquê nesta ótima entrevista. Vale a pena conferir.
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O show de abertura ficou por conta dos fellas do Ordinaria Hit. Em constante aprofundamento de sua sonorização da angústia, contam agora com um saxofonista na formação. Que caiu muito bem: acrescentou dissonâncias às texturas sombrias de baixo e violoncelo da banda. Muito bom, porém curto. Os caras agora vão sair em turnê pela Argentina. Cool!!

terça-feira, abril 03, 2007

Dia do sem inspiração para criar mais um dia

Luís Pereira

Já reparou como existe data comemorativa para quase todos os dias? Curiosamente, hoje não é dia de nada. No entanto, amanhã é dia do Parkinsoniano. Soa um tanto esquisito, não? Fica parecendo que amanhã é dia de dar parabéns para o Muhammad Ali. “Parabéns pelo seu dia, Ali”. Acredito que seria mais plausível algo do tipo: Dia do combate ao Mal de Parkinson, e que nessa data houvesse campanhas de prevenção e pesquisas sobre a enfermidade (até acredito que tenha).

Existem alguns dias que são mais famosos, como o 1º desse mês, Dia da Mentira. Data boa para aplicar uma pegadinha, zoar o colega no trabalho ou na faculdade, mas, isso, só se o seu camarada for um completo desavisado ou avoado. Está cada vez mais difícil cair nessa gozação. Bom, popular, sem dúvida, esse dia ficou, mas no quesito cunho social, zero.

E quem diria, o próximo dia 7 é data comemorativa para os Jornalistas. Parabéns a todos nós praticantes dessa vertente da comunicação, embora, não poderemos nos esquecer, nessa mesma data, de dividir nossas congratulações com o corretor e o médico legista, além de felicitar o Dia Mundial da Saúde.

Na sexta-feira é feriado, pois é Páscoa. Mas é também Dia da Natação, do Correio e Dia Mundial do Combate ao Câncer.

Inúmeros são os dias hilários: Dia da Sogra (28 de abril), Dia do Detento (24 de maio), Dia do Turista (13 de junho), Dia da Pizza (10 de julho) – esse também deveria ser o Dia da Comissão Parlamentar de Inquérito -, Dia da Cruz (14 de setembro), Dia Mundial do Lions Clube (10 de outubro), Dia do Contato (21 de outubro), Dia das Saudações (21 de novembro), Dia do Alcoólico Recuperado (9 de dezembro), Dia do Vizinho (23 de dezembro), Dia da Lembrança (26 de dezembro) e por aí vai.

Como serão os trâmites para que uma data comemorativa seja aprovada pelo governo? Se for assim, fácil como parece ser, tenho algumas boas idéias para apresentar, como o Dia do Corinthiano, o Dia dos Espadas que Sofrem de Abstinência Sexual, o Dia dos Salários Mais Altos para Jornalistas e, quem sabe, o Dia Nacional do PontoJor.

O que acham?

segunda-feira, abril 02, 2007

Faça uma lista

por Sara Puerta

Eu gosto de fazer “listas de melhores”, as famigeradas (hype pra cacete!) top five ou top ten. O difícil é colocar em cinco tópicos, igual no filme Alta Fidelidade (2000), baseado no livro de Nick Norby. Cinco melhores coisas para fazer no fim de semana, cinco momentos mais felizes, cinco lugares que vou conhecer, cinco personalidades marcantes, cinco pessoas mais babacas que já conheci etc.

E são as listas musicais que atraem multidões (sei que as listas possuem muitos adeptos por aí) e motivam longas discussões. Haja repertório musical e criatividade para os temas: cinco melhores músicas para dançar com as amigas (criando passinhos), cinco melhores música para ouvir andando a noite na rua, cinco mais para ouvir na fossa, cinco que você ouve escondido e canta inteira, ou melhor, as bregas. Nesse caso, a partir de uma pesquisa (nada científico!), “Borbulhas de amor” do Fagner, aparece como uma das citadas. E na ala feminina, o hit “Dá pra mim” do Polegar e “Como uma deusa”, da bonecona de cera Rosana, estão sempre ali. Mas, Zezé, Chitão e os pagodes (fundo do poço!) são cantados de cor também. Assume, vai!

As minhas cinco
Eu vou ter que dar palpite. É a minha humilde opinião que segue. Aceito discordâncias e réplicas.
O tema? Em tempos de desigualdade social, hipocrisia, país estagnado, o assunto é:

Cinco músicas nervosas (vontade de quebrar tudo!)

Bulls on Parade– Rage Against the Machine.
Primeiro: o RATM é meu sonho adolescente. Segundo: eu acredito que a história da música acabou depois deles. O que tem hoje é só releitura. Nada de novo sob o sol. (eu acredito!)
Terceiro: “Weapons not food not clothes not shoes not need
just feed tha war cannibal animal"
, diz o que já sabemos e não tem motivo pra continuar. Armas não alimentam, não vestem...só alimentam uma guerra canibal...

Ei Bush.....Vai *@#!!!!

Capítulo IV, versículo 3 – Racionais Mc´s
Minha palavra vale um tiro e eu tenho munição”, belo versículo do Mano Brow. O cara é um pastor de minorias. É bravo.
A música foi sampleada de Sleepin’ in to darkness, da banda War, e é tradução completa da revolta de uma condição. God bless the Racionais!

Ouça a original: http://www2.uol.com.br/instituto/vitrola_086.htm

●Backlash Blues – Nina Simone

Um pouco de soul. Não precisa ser triste. A mulher está nervosa.
E grita para o presidente: “Quem você pensa que é?”
"Just who do think I am. You raise my taxes, freeze my wages.
And send my son to Vietnam"

E avisa no final que isso vai mudar. "You're the one will have the blues
Not me, just wait and see"

●California Uber Alles – Dead Kennedys
Mais um sonho adolescente. Guitarra pesada. Rodas insanas.em shows É punk e tem rebeldia com causa. Os caras citam “O grande irmão”, do livro 1984. E sonham com um outro tipo de governo, que coloque crianças na escola e não tenha violência.

●Fight the power – Public Enemy

Música de Nova York. Não é gangstar (Graças à Deus!). Letra raivosa contra o preconceito. Tudo muito bem contextualizado, com boa melodia e satisfaz sempre o meu desejo de ouvir rap.
Todo o trabalho deles é bom, vale a pena ouvir tudo.

Manda as suas cinco mais. Adoro.