Ponto Jor

sexta-feira, setembro 28, 2007

A tropa da opinião

João Prado
Quem ainda não viu Tropa de Elite? (Quase) todo mundo, imagino. O filme dirigido por José Padilha nem foi lançado oficialmente e, num movimento sem precedente na história do cinema brasileiro, vem provocando debates inflamados. Houve quem chamasse, nos jornais, o longa metragem de "fascista", "moralista" e "propaganda da tortura". Também existe a (grande) parcela que gostou da obra e eu me incluo nessa turma.
O causo é: Tropa de Elite conta a história do Bope, o batalhão de operações especiais da polícia militar do Rio de Janeiro. O personagem central da história é o capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura (sensacional!), que utiliza a tortura e o famoso "sangue nos zóio" para comandar seus homens na guerra do tráfico. Incorruptíveis no filme, o Bope seria uma espécie de elite da nefasta polícia militar. Além das cenas de tortura, o filme impressiona pelas boas interpretações, pelos planos de ação, fotografia e, principalmente, por levantar a bola da tríplice do problema polícia-traficantes-consumidores.
Tropa de Elite é, diferente de quem chamou a obra de "moralista", uma boa oportunidade para discutir a legalização das drogas. Não se trata de quem fuma um baseado ou cheira cocaína, mas sim da quantidade de crianças que morre com uma AK-47 na mão. Assim como já sugere o documentário Notícia de uma Guerra Particular, de João Moreira Salles, parte da polícia também é a favor da legalização da venda e consumo de drogas.
Alguém já se perguntou porque a maioria dos políticos do Brasil não tratam a legalização de forma séria?
Pois é essa a questão, de legalizar as drogas, que o filme também levanta. Agora, se tem pessoas que assistiram Tropa de Elite é aplaudem a polícia que entra em uma favela e esculacha e espanca todo mundo, o problema não é a obra e sim a visão e a concepção pessoal de cada um. Quando o capitão Nascimento enche a cara de um garoto com tapas, tem gente que aplaude e tem gente que abomina. É certo culpar o filme? Claro que não.
Tropa de Elite também tem o mérito de trazer a visão da polícia sobre um assunto que está na mesa de toda a família brasileira: a segurança pública. Nunca simpatizei com os "homi", mas desprezar a olhar deles nessa história é burrice ou no mínimo a confissão de que somos uma sociedade que não entende, mas impõe a porra da democracia.
Sobre a obra de Padilha, digo que é um filmaço e merece ser assistido na telona do cinema. Pessoalmente, adoro ver em filmes um sangue e um tiroteio. Pessoalmente, sei que existem opiniões diferentes e são elas que devem brigar e não as pessoas. Pessoalmente, sei separar cinema da realidade e perceber que, no fundo no fundo, quem chama de "moralista" Tropa de Elite, não sabe que o buraco da guerra do tráfico é mais embaixo.
Nota: realidade é outra coisa... nada fácil!

quarta-feira, setembro 26, 2007

Com a palavra, o mano.

Daniel Boa Nova

A notícia pipocou clique a clique e boca a boca na semana passada. No centro do Roda Viva da última segunda-feira estaria o cantor de rap Mano Brown.

Você assistiu? Uma resenha do que foi, com opinião, saiu no UOL.

Ao meu ver, talvez pelo fato dos Racionais adotarem uma postura anti-mídia, ficou latente como parte da imprensa não sabe lidar com o figura em questão. Entre os entrevistadores, poucos conseguiram estabelecer um diálogo com Brown. Uma porção de perguntas vagas, que não distinguiam o que é o músico do que é o cidadão; o que representa sua arte da conduta que segue. Era visível que conheciam o mito, mas não a obra.

Nas entrelinhas, um tal de querer jogar sobre as costas do sujeito responsabilidades que na verdade são coletivas, públicas. Foi o caso de José Nêumanne, do Jornal da Tarde, que, em uma daquelas perguntas do tipo “eu acho isso, você não concorda comigo?”, tomou uma oreiada do Mano. Queria apontar quem é o verdadeiro herói brasileiro – segundo ele, diferente do retratado em algumas letras dos Racionais.

De Mano Brown, seria esperar demais que desse opiniões e argumentos fundamentados sobre Lula, o MST e o Brasil como um todo. Ou querem fazer dele uma espécie de Caetano suburbano?

Trata-se de um cara comum, de pele escura e origem pobre, que tem o saber baseado mais nas vivências que no estudo. Que conseguiu ascender graças ao rap, um em um milhão. Inteligente e com uma capacidade única de descrever o cotidiano dos seus em rimas. O que faz dele um dos melhores MC´s do país, mas não um Antônio Conselheiro.

Se os entrevistadores partissem desse princípio, quem sabe, o programa (que registrou sua maior audiência no ano) não teria sido tão frustrante.

terça-feira, setembro 25, 2007

Um novo jeito de escrever (para mim)

Luís Pereira

Talvez nem todos aqui saibam, mas estou estudando Criação de Imagem e Som em Meios Eletrônicos, curso de pós graduação do Centro Universitário Senac. Na graduação tive algum contato com vídeo - mais especificamente vídeo-reportagem -, no entanto esse universo de criação de imagem e som é um tanto novo para mim.

O curso ainda está no primeiro semestre e estamos passando pelas duas primeiras disciplinas: Semiótica e Criação de Roteiro.

Quero falar um pouco sobre essa segunda matéria, a Criação de Roteiro. Sempre gostei de escrever e já escrevi de diversas formas diferentes, como em versos, música, rap, poesia, artigo, crônica, anedota e por aí vai. Sempre tive a noção também do universo de possibilidades que a escrita pode proporcionar, mas, sinceramente, não imaginava o quão diferente e incrível é a arte do roteiro.

Para explicar o que quero dizer, gostaria muito de passar uma definição minha que sintetizasse isso para vocês, mas, por motivos óbvios, vou preferir usar a frase do roteirista francês Jean-Claude Carrière: “escrever um roteiro é muito mais do que escrever. Em todo caso, é escrever de outra maneira: com olhares e silêncios, com movimentos e imobilidades... O romancista escreve, enquanto o roteirista trama, narra e descreve”.

E isso, para os que também não são familiarizados com o formato, acreditem, é fantástico. Uma prova incontestável da criatividade humana. E haja criatividade!

Tanto entusiasmo pela matéria também está ligado à excelente professora Renata Gomes. Só para vocês terem uma idéia, a mulher – ou melhor, menina, de 32 anos – é doutorando em roteiro para games. Interessante, não?

Agora me encontro no esboço da criação do primeiro roteiro de minha vida, inclusive inspirado em um dos textos (não meu) que rolou aqui no PontoJor. Logicamente, o meu primeiro texto com esse formato não tem nada de mais, é coisa simples, mas pretendo compartilhar com vocês assim que estiver mais redondinho.

Valeu!!!!

segunda-feira, setembro 24, 2007

Partir e Voltar

Sara Puerta

Não parava de olhar o jornal aberto à sua frente. O nome da reportagem chamava a atenção e combinava com o momento: “Mais poesia em Alegria”. No caso, a matéria falava espetáculo do Cirque du Soleil. Logo, apenas o título possuía alguma relação.

Continuava imóvel, olhando para a página aberta. Silêncio às vezes é bom, mas tem hora que chega a doer. Ele tentava organizar o raciocínio e não fazer como sempre e entregar o jogo.
Não parava de lembrar da crônica de Caio Fernando de Abreu, que dizia que Deus havia que lhe dado um presente inesperado: uma possibilidade de amor.

Sim, existia amor entre eles, mas algo estava os desgastando. E estava impressionado com a quantidade de sincronicidades que aconteciam ultimamente, mas andava, auto-comiserativo, com medo e todas essas sensações que pesam nas costas. Não parava de pensar e ouvir falar sobre pensamento positivo. E afinal, para que isso serve tanto?

De fato, havia deixado a fé para lá, pois pensou acreditar estar sendo um bobo alegre, pois as coisas não andavam bem. Enfraqueceu-se pois resolvia tudo sozinho, sem a ajuda de ninguém. Não agüentou, mas tinha que ser homem e honrar qualquer coisa, nem que seja sua família.
Ainda não teve coragem de pedir ajuda.

Cigarros, cerveja, lágrimas. Minutos tensos. De fato, a vida sempre te coloca à frente dos seus medos para encará-los.
O que ia levar para frente? A situação iria se resolver, ou teria que tentar mudar de tática. Mas, o raciocínio para o amor não é igual ao trabalho.

E como se desprender do que acumula durante anos? Como se desprender de sua própria companhia? Pois sim, ainda que todos digam toda a ladainha de amar a si mesmo, recolher-se é uma bosta.

Olhou em volta. A imagem do que sempre quis à sua frente que também aparentava preocupação e um ar quase que maternal ou paternal . Tinha três opções dali para frente: descia para arena, endurecia, enlouquecia ou ia embora.

Adiou a decisão e sentiu-se em partes vitorioso. Talvez nesse tempo recuperaria a fé, teria alguma ajuda ou nasceria de novo!

Que tudo desse certo! E por um momento refletiu que estava pensando positivo novamente.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Dia mundial do foda-se

João Prado

Acabo de voltar de uma entrevista-almoço, na qual estavam presentes este repórter, a assessora e o executivo-personagem-da-matéria. Esse foi um dos motivos pelo atraso do post de hoje – o outro foi a ressaca pós aniversário que deixou este aqui parecendo um alface.

Bom. O que pretendo comentar aqui é que, antes de chegar o executivo da tal empresa que estou elaborando uma matéria, a simpática assessora me contava sobre o seu trabalho de divulgação do Dia Mundial Sem Carro, que acontece amanhã em todo o mundo e aqui no Brasil também. Simples: o objetivo é fazer as pessoas não usarem seus automóveis por um dia pelo menos.

Mas diferente do que relata a imprensa, que o movimento visa incentivar o uso do transporte público, o Dia Mundial Sem Carro quer justamente fazer com que as pessoas proprietárias de veículos percebam a falta de estrutura do transporte público e também como a cidade desorganizada privilegia o uso de possantes automotores. "70% das pessoas em São Paulo sabem todos os dias o que é o Dial Mundial Sem Carro", disse a assessora.

Faz sentido! A maioria das pessoas desta capital, e de outras do Brasil, sabem que o transporte público é precário. Mas diferente das pessoas que tem carro, como eu, esses cidadãos não tem melhores opções do que limitadas linhas de ônibus e poucos quilômetros de metrô para realizarem seus trajetos diariamente. Os donos de automóveis, muitos nunca devem ter pegado um busão na vida, fazem papel de palpiteiros ao comentarem sobre transporte público. Carro é uma bolha, que isola a pessoa do fedor da rua e do suvaco azedo do passageiro do lado.

Por isso, faz mais sentido conscientizar os 500 mil novos motoristas que saem todos os dias nas ruas de São Paulo. Pergunta para alguém que se locomove de ônibus de segunda a segunda, se essa pessoa tiver a opção de escolher, se amanhã quer passear pela cidade de ônibus ou carro. Pergunta também para algum bacana que desfila no ar condicionado se ele quer pegar a mercedes comunitária no ponto para ir até o cinema.

Este blogueiro faz questão de criticar o trânsito caótico sempre que pode. Ainda mais quando lembra do féla do Maluf dizendo que "trânsito é sinal de progresso". Mas cínico como sou, faço críticas com o pé no acelerador todos os dias quando vou da Espraiadas até o Lapa de Baixo. Meia hora de carro. Quanto tempo será que levaria de ônibus-metrô-trem?

Bom, hoje é sexta-feira. Segundo o movimento, ainda posso andar com meu possante. Não sei se vou aderir ao Dia Mundial Sem Carro. Sou egoísta quando se trata de ação pública e não me lembro de ter abraçado uma CAUSA nesses meus 25 anos. Já andei muito de ônibus (só comecei a dirigir com 23 anos) e deu para perceber que essa cidade foi desorganizada para chegar nisso aqui: engarrafamento geral.

Saímos do almoço eu, a assessora e o executivo, e seguimos cada um para um lado. Todos com seus carros e só eu com um motorista da editora onde trabalho, que estava me esperando para uma carona. Desejei sorte na divulgação do "movimento" para a assessora. Sempre desejo sorte em situações que percebo serem bem intencionadas.

Resolvi que preciso de uma causa que me convença. Acabo de lançar o Dia Mundial do Foda-se.

quinta-feira, setembro 20, 2007

O sonho não acabou

Daniel Consani

Ainda que tentasse se livrar daquele pensamento horrendo, Marcos não conseguia deixar de considerar que sua esposa talvez estivesse gostando, mesmo que de modo mórbido ou bizarro, de ser estuprada por dois assaltantes dentro da loja de conveniência do único posto de gasolina da cidade. Lembrou-se que ela havia mencionado, mais de dois anos atrás, quando conversavam deitados em um quarto de motel, que tinha vontade de transar com dois homens; o riso que seguiu a afirmação (“Estou brincando”) não serviu para que ele a esquecesse.

E enquanto via os braços retesados de Priscila segurando os pés do refrigerador que estampava o slogan “Viva o que é bom” bem abaixo das letras inconfundíveis da Coca-Cola com as pernas flexionadas e o menor dos assaltantes com o rosto enfiado em seu pescoço soltando suspiros ruidosos, Marcos sentiu uma lágrima escorrer em seu rosto vermelho. Olhou para baixo e viu a gotícula se transformar em uma pequena mancha escura em seu sapato de camurça. Tinhas as mãos amarradas atrás de si. Pensou em se atirar em direção aos dois assaltantes. Poderia desferir alguns chutes, mas de certo acabaria com uma bala calibre .22 enfiada em seu crânio. Tentava desviar o olhar daquela cena grotesca, mas era o som que sua esposa emitia que o dissimulava ainda mais. Viu um jornal exposto próximo ao caixa da loja de conveniência. “Renan absolvido”, gritava a publicação.

Foi quando resolveu sair correndo para fora daquele lugar, em direção a rodovia, e se deixou atropelar por um trucado carregado de peças de carne bovina.

Estava sonhando apenas. Mas ainda não acordou.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Round 2, fight!

Daniel Boa Nova

Chemical na mão, uma quarta-feira. No sábado da mesma semana tem mais.

Lembra que eu falei do Festival Planeta Terra? Já tem site oficial e até venda. Primeiro lote: oitenta, quarenta meia. É justo.
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Daí que foi lançado o disco novo do Manu Chao. Um pouco mais rock que reggae, mas que ainda vai agradar aos universitários.

Também saiu o novo da PJ Harvey, sem guitarras, que não me fez muito a cabeça na primeira ouvida.

Tem o do Kanye West, o cara que ficou puto por não ter levado nada no último VMA, que segue a linha dos dois antecessores. Pense em produças megalomaníacas.

Isso tudo fora o do Foo Fighters, o do Eddie Vedder, o do Hard-Fi – esses todos eu não ouvi, mas do último tem esse clipe aqui.

E pra quem curte um peso, em breve, um revival dos 90´s com isso e isso.
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Por lançado entende-se no ar, por aí. Bastante diferente de uma prateleira identificada por uma etiqueta cheia de cifrões.

Se já tem versão nacional? Qual o preço? Não faço idéia.

Peraí, deixa ver se eu entendi.

Daniel Boa Nova

No Senado, a oposição sinaliza que obstruirá a votação da CPMF enquanto Renan Calheiros permanecer no comando da casa. Mas tudo indica que, uma vez ele fora, não fará grandes objeções. Até porque a receita polpuda do imposto absurdo é interessante para qualquer provável sucessor de Lula.

Então o que você prefere? Com Renan e sem CPMF ou vice-versa?

Não tá mais aqui quem falou.

terça-feira, setembro 18, 2007

Die In

sexta-feira, setembro 14, 2007

O cara

Não vamos ser hipócritas. Quem realmente se surpreendeu com a não cassação do presidente do senado Renan Calheiros, aquele, mais conhecido como o ex-amante da “modelo-jornalista” Mônica Veloso?

Ok. Alguns podem dizer que a margem de votos foi apertada (40 a 35), mas daí achar que o senador seria banido de sua vida política por quebra de decoro parlamentar é brincadeira, como diria o comentarista Neto. Por mais evidentes que fossem as vantagens obtidas por Renan Calheiros, político profissional nenhum caí no Brasil por quebra de decoro. Todos abusam do poder há tempos, desde que o senado existe.

Os personagens são os mesmos e os esquemas também. Lobby, pressão e o famoso “se eu caio levo um monte junto comigo”. Nessas horas, a grande maioria dos políticos peida na tanga. Amantes, fofocas e manchetes nos jornais. Alias para quem ainda achava que a mídia brasileira pode derrubar facilmente políticos deste país, grande engano e eis a prova. Sem choradeira e sem escândalo: isso é a democracia! Políticos eleitos pelo “povo” e pelos chamados “formadores de opinião-leitores-de-jornais-e-revistas”.

Renan Calheiros é o exemplo para maioria dos senadores, de como se comportar no poder em uma crise. Brigou de frente com os jornais, ameaçou “colegas” e conseguiu se manter agarrado em sua cadeira. Sobrou aos editoriais dizerem que “agora o senado ficou enfraquecido”. O que significa um senado fraco? Mensalão, sanguessuga e caixa dois são nomes novos, mas velhos procedimentos da política no Brasil.

Qualquer pessoa que não se baseia somente no próprio trono para entender o mundo e este país, sabe que para ver o presidente do senado na cadeia não basta esperar o resultado de uma sessão secreta. O caminho da prisão passa pelo polícia e pelo tribunal.

Porque que no senado, Renan Calheiros é o cara.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Em Brasília, decepcionado

Daniel Consani

Este blogueiro se encontra em Brasília cobrindo um congresso sobre qualidade de vida. Mas está decepcionado, claro, com a absolvição de Calheiros. De qualquer forma, seguem três fotos para apreciação.




quarta-feira, setembro 12, 2007

updating

Acabo de ver no UOL que, por 40 votos a 35 (fora as 6 absurdas abstenções), Renan Calheiros foi absolvido de sua cassação. Do alto do Reino do Maranhão, um sorriso se abre por debaixo do bigode.

E viva a falta de decoro!

Primeira página e uma até então nota de rodapé

Daniel Boa Nova

Assalto com direito a explosão de parede; presos escapando do CDP via túnel; líder comunitário que denunciou policiais desaparecido; menina estuprada em casarão no Pacaembú. Isso sem contar as notícias do Planalto.

Como diria a MTV: então tá, vamos falar de música.
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Mas antes: olho aberto pra votação da cassação do Renan Calheiros, hoje. Sessão sigilosa, voto secreto. Uma coisa é a tribuna, outra é o voto. Absolutamente obscuro nessas condições.

E a responsa não é só do PT não. No apagar das luzes, tem parlamentar de tudo que é cor beijando a mão do homem. Como bem escreveu Dora Kramer em sua coluna de hoje, se o Senado absolvê-lo, estará preservando a cabeça em detrimento do corpo.
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Então, a venda de ingressos para o show do Chemical Brothers começa hoje. Se liga.
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Daí que, enquanto uns correm para garantir presença nessa edição insossa do Tim Festival, meio na surdina, o Planeta Terra vai se configurando como o grande evento de música pop do ano na cidade. Ainda mais agora que o Kasabian confirmou sua vinda. Oba!

Vejamos: o The Rapture lançou um dos discos mais legais de 2006, "Pieces of the People We Love", o seu terceiro. Já tocaram no Brasil, no Tim de 2003. Me parece uma atração muito mais consistente que qualquer Arctic Monkeys. Pago pra ver.

A mistura de Primal Scream com Stone Roses do Kasabian dizem ser contagiante ao vivo. Como gosto é que nem você sabe o que, assista esse vídeo e me diga o que acha.

O Datarock eu confesso desconhecer. Vai cair no colo. Pelo que vi no YouTube, me parecem bastante influenciados por Devo, que tocará na mesma noite e deve dar o que falar. Com seus mais de 30 anos de carreira, os caras influenciaram Deus e o mundo, incluindo Franz Ferdinand, Primus, Man-or-Astro-Man e o próprio Rapture.

Isso tudo se não confirmarem quem estão dizendo que pode confirmar. Mas quem sou eu pra especular? O quanto antes, vou garantir o meu.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Seis anos desde que a história mudou...

Sara Puerta

A História de tempos em tempos parece ficar parada. Aí acontece um divisor de águas que muda toda a forma de encarar o mundo. E foi assim, há seis anos que a História ganhou mais um ícone na linha do tempo. Desde então, não é possível dizer que foi tudo igual.
A manhã do dia 11 de setembro será sempre lembrada. E para confirmar mesmo que a data marcou, parece brincadeira, é só perguntar para o colega do seu lado: “Onde você estava na hora do atentado? ”. Eu fiz o teste e até uma menina de 12 anos, que então tinha seis aninhos consegue lembrar. “Pensei que o mundo tava acabando!”

Eu fazia clipping na época. Primeiro estágio. Estou eu na Internet quando saí a primeira notícia. Pensei: “Meu Deus! Que piloto barbeiro!”
Cinco minutos depois. Outro avião. Aí já é demais. Terrorismo. Terror no rosto das pessoas. Liga a tv, o rádio. Já tem um suspeito.

E assim, criou-se um mito. Centenas de livros, dezenas de filmes. Boom na internet e de notícias de primeira-mão. Eficiência na informação. Deficiências de um sistema e de um estilo de vida que se julgava, até então protegido e abençoado. Um plano perfeito e que quer sim, deixar suspeitos.

Atacados ainda por um homem que se escondia em cavernas. Mas, como muito já foi dito, era de se esperar. No programa exibido ontem pelo canal GNT “Na trilha de Bin Laden”, nos idos dos anos 90, Osama aparecia em entrevistas em cavernas anunciando uma guerra contra os Estados Unidos. “Matar os americanos é uma das ações da Jihad, que tem a intenção de transmitir a mensagem do Islamismo” é o que ele diz calmamente para o câmera.

O way of life americano nunca foi tão odiado. Mesquinhos e sem fé. Consumistas e vazios.

Esse é o mito. A cada ano ele reaparece. Nesse já deu suas caras e mostrou estar super atualizado, citando crítica as grandes corporações pelo aquecimento global.

Alguns acreditam que ele está morto. Não, claro que não.

Gato e rato
Um gigante no mundo. È assim que se sentem os americanos. O menor, um rato fez o gato de bobo. E assim, criou-se o anti-americanismo , o anti-islamismo. E não se parou mais de brigar e de falar disso.
Gerra no Iraque, Guerra no Afeganistão, bomba no metrô de Londres, Madri, carro bomba na Escócia, Farenheit 9/11, Torres Gêmeas, soldado americano bobão, Osama Bin Reggae, 11 de setembro, na trilha de Bin Laden, Heavens Door com todos artistas juntos, Al Quaeda, Plano de ataque e por aí vai....

quinta-feira, setembro 06, 2007

Ritos e rótulos

Daniel Consani

Pensar em como, muitas vezes, levamos a vida sem atentar para as riquezas escondidas no nosso cotidiano é algo que me intriga muito. O gosto pela rotina é o apreço pela acomodação, penso eu. Afinal, há algo tão preguiçoso quanto criar rótulos e ritos? Pensemos: quão vazio e inútil é falar que alguém tem “personalidade forte”? Quão patético é autodenominar-se uma pessoa “autêntica” e “espontânea”, que “não leva desaforo para casa”? Quão castradoras são expressões como “indie”, “patricinha” ou “noveleiro”?

O fato é que adoramos classificar. Num mundo que valoriza métodos e formas em detrimento de fins e conteúdo (e isso não é, necessariamente, uma crítica), é bastante natural que busquemos ordenar coisas e pessoas dentro de certas nomenclaturas. Isso leva, é claro, a “personização” de coisas (você já atribuiu um nome carinhoso a um carro, a uma guitarra ou a qualquer outro objeto?), bem como a “coisificação” de pessoas (punks, hippies, emos etc).

Brilhantemente antecipado por Aldous Huxley e, em parte, aprofundado por Orwell, esse conceito acaba por desempenhar um papel de extrema importância no mundo atual. Para se ter idéia, chegamos a sentir certo incômodo quando não conseguimos achar termos para classificar algo ou alguém. “Já leu Jorge Luis Borges?” – “Não. Em que tipo de literatura ele se enquadra?” – “É algo de cientificismo, horror, realismo, literatura fantástica... sei lá.”.

Sairia algo assim, acho.

Nessa esteira, é absolutamente difícil não se sentir incomodado com as limitações que esses rótulos trazem para o desenvolvimento intelectual das pessoas. No âmbito da política, por exemplo, é lamentável que tenhamos debates acerca de termos insuficientes para representar a real complexidade do tema. “Direita”, “esquerda”, “liberais” e “conservadores” acabam por representar conceitos tão idiotas quanto “rock”, “pop”, “cult” ou “erudito” para a música. Quem ousaria encaixar o PT, o PDT, Gordon Brown e Hillary Clinton em um dos termos políticos acima? Como negar que a indústria cultural fez com que a sexta de Beethoven virasse pop? Já ouviu dizer que o rock adolescente de “A hard day’s night” dos Beatles virou cult?

A miscelânea parece ficar cada vez maior e não menos interessante. Afinal, adoro pensar que Shakespeare fazia teatro para o populacho e hoje é visto como um deus da literatura britânica.

Coisas.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Comédia pastelão

Daniel Boa Nova

Se você quer uma amostra de por que nosso país amado é tão defasado em certos aspectos, basta comparecer a uma assembléia de condôminos. Ou melhor, não vá. É triste.

Na de quinta-feira passada fiquei entre 21h00 e 00h00. Se eu te contar que nada foi decidido, você acredita? Nada de nada.

Um edifício de classe média alta. Um universo de mais de duzentos e cinqüenta apartamentos, com uns trinta - se muito - ali representados. Entre os delegados, uma maioria de gente mal educada, mal amada, maldosa. Gente que escuta quando quer, entende o que quer e se dá o direito de aumentar o tom de voz na hora que quiser. Palestrantes trocando os pés pelas mãos e uma platéia disposta a atirar pedras à primeira vírgula fora de lugar.

Temos o tiozinho bonachão vestido de branco até os cabelos que volta e meia interrompe a reunião para pedir que ela seja mais rápida; temos a senhora cheia de dentes que até fala coisa com coisa mas não diz coisa nenhuma; temos a dos quarenta mais humilde, que concorda com o que qualquer um afirmar ou refutar; temos o jovem pancada que sempre causa tumulto quando lança uma péssima naquele momento em que sobra apenas o Chaves falando do Professor Linguíça. E temos eu, achando que em algum momento descobriria por que meu interfone estava quebrado há mais de um mês.

Histórias mal contadas, troca de gentilezas generalizada; um tal de passar vergonha alheia a cada instante. Três horas disso para rasgarem a pauta e chegarem à conclusão de que uma nova assembléia deveria ser feita.

Nessa eu me incluo fora. Até porque, no dia seguinte, fiquei sabendo que o interfone havia sido consertado. Acho que fui recompensado.

terça-feira, setembro 04, 2007

Mano negro clandestino

Luís Pereira

Fazia um bom tempo que eu não ía ao estádio ver o meu Corinthians jogar. Também pudera, além da fase medíocre, da última vez que havia comparecido tive a minha carteira furtada por um gatuno qualquer, que aproveitara da minha situação desfavorável – estava acompanhado da minha noiva, portanto, na hora da entrada, no meio muvuca, a preocupação era mais com ela do que com o bolso.

Bom, enfim, nesse jogo, que foi o último clássico contra o Palmeiras, fiquei sem a carteira, sem o ingresso – que estava dentro da carteira – e sem entrar no jogo, que dos males talvez tenha sido o menor, depois da fatídica derrota.

Naturalmente fiquei um tempo bodeado de estádio, mas, depois de uma pequena insistência de um grande bróder corinthiano, resolvi voltar contra o Santos. Feliz decisão: domingo de sol, Pacaembu tranquilo e um Corinthians surpreendentemente vencedor. Tão surpreendente que no momento do primeiro gol – aliás um golaço do Nilton – demorou uns dois segundos para cair a ficha da torcida e o grito ser ecoado.

Entretanto, o que mais me intrigou, mais uma vez, foi um fato que ocorreu antes do jogo. Como de praxe, chegando ao estádio é hora de tomar aquela cervejinha. No piscinão logo ouvi: “gelada, gelada”? Quando me virei, vi um negão, bem preto mesmo, alto e magro, com um sotaque diferente. Ele estava sentado com um isopor entre as pernas, cheio de cerveja e gelo. Perguntei: quanto é? “Dois reais”, respondeu ele. Perfeito, paguei, peguei minha breja e sentei ao lado dele. Curioso com aquela situação, lancei:

E aí mano, é de onde?

Sou de Gana.

Legal! Como você veio parar aqui?

De navio, clandestino.

Atitude mano! Tá conseguindo se virar bem?

Aqui pelo menos eu consigo fazer isso. Lá é mais difícil.

Tá aí há quanto tempo?

4 anos.

Mais uns cinco minutos de conversa fiada sobre futebol e resolvi sair andando:

Falou Gana, boa sorte aí.

Valeu!

Fomos, eu e meu bróder, almoçar o famoso mezzo calabra mezzo pernil antes do jogo. Paramos na barraquinha de um tiozinho que preparou dois no capricho de sempre. Tomamos mais umas duas geladas e resolvemos entrar no estádio. No caminho econtramos o Gana de novo, mas dessa vez desolado e sem o seu isopor.

Qual foi Gana, o que aconteceu?

Os caras da prefeitura me tomaram.

Foda hein mano!!!

E com um dos olhares mais vazios que já presenciei na minha vida, olhando para frente, Gana falou:

Já tinha pouco, agora não tenho nada.

Como um baque, naquele momento nada tive para falar. Assim como o seu olhar, também fiquei vazio, mudo e me senti um nada. Apenas permaneci ao seu lado por alguns minutos. O jogo estava para começar e, mais uma vez, parti desejando boa sorte para ele, ainda sem saber o que devia ter falado.

Quando, aparentemente, voltei do baque, imaginei aquela vida como se fosse um filme, daqueles que só passam dentro da mente, e passei a indagar:

- a pessoa nasce num lugar fudido e, sem opção, vai tentar a vida em outro lugar fudido. Ainda existe motivação?

- Apesar de formarmos um lugar de pobres e fudidos, não devíamos nos orgulhar de ser um país de todas as raças e receber mais um necessitado como nosso legítimo irmão?

- o que a prefeitura ganha com isso? Mais um ladrão?

segunda-feira, setembro 03, 2007

Impressões

por Sara Puerta

Fico me questionando “Como se faz ou forma-se um líder”, pergunta já tratada – sem resposta convincente -em muitos livros do estilo auto-ajuda empresarial.
Essa minha indagação ganha maiores proporções ao perceber que no Brasil não temos mais o “mito” do Líder, e sim, tenho claro que a questão atualmente é melhor definida assim: “Como se faz um presidente carismático.”

Junta-se uma fórmula -um tanto frustrante para os que em 2002 estavam eufóricos, como eu, com a eleição do Lula- regada de discursos emocionados, com simplicidade e sem julgamentos e posições firmes defendidas à ferro e fogo.

Longe de ter na representação do povo, um sujeito nada democrático, mas, por favor, não nos subestimem.
Sim, o homem é carismático, é admirável, é “votável” e elegível (pelo menos foi e muito!!!). Adoraria uma conversa de bar, não querendo relembrar informações sobre o hábito do presidente. Não sou hipócrita e rasa a esse ponto.
Voltando: consegue agradar os gregos e troianos, isso é, os menos favorecidos com as metáforas e parábolas, e mantendo um certo afastamento das questões propostas no seu governo que agradam a elite, que refere-se a política econômica que agrada aos montes os banqueiros e ricaços do país.

O fato que me inspirou a escrever deve-se ao discurso do presidente realizado no sábado no 3º Congresso do PT, que reuniu todas as “facções do partido” para avaliar o presente e o futuro. Ao dissertar sobre os seus colegas mensaleiros, disse calorosamente que eles erraram, mas que ninguém deve virar as costas e deixar de defender um companheiro de partido.
Como um pregador, disse. “Na política, nós não precisamos ser mais duros do que nós somos. Não podemos perder a sensibilidade e o companheirismo".

Será que as ovelhas serão desgarradas?


... E no Campeonato Brasileiro

Agora animou, hein! Longe do favoritismo causado pela organização perfeita do São Paulo, que faltando meses para o campeonato acabar, e já dispara na frente, um fato chamou a atenção.
Contra o terno e o time aclamado, um Corinthians desestruturado no campo e fora dele, venceu.
Até que enfim novidade e R-A-Ç-A!