Condolências a um gênio

Dia lindo. Sol, poucas nuvens. Hoje tem show do Aerosmith. Estarei lá. Chego na redação. Bom dia, bom dia. Ligo o computador. Folha Online: “Escritor norte-americano Kurt Vonnegut morre em Nova York”. Que dia de merda.
Exagero, claro. Mas o mundo está mais pobre. Com certeza. E triste também.
Lembro da primeira vez que li “Matadouro 5”. Que sensação maravilhosa. Queria poder sentir aquilo de novo. Descobrir Vonnegut (assim como Borges, Machado, Márquez, entre outros) é crescer, é vencer, é transcender.
Nessa verdadeira obra-prima, Vonnegut escarafuncha a idéia de destino, fardo, livre arbítrio e a natureza ilógica dos humanos. O personagem central da obra, um ex-combatente dos Estados Unidos que tenta escrever sobre o que aconteceu com ele durante a Segunda Guerra Mundial (basicamente, o bombardeio aliado sobre a cidade de Dresden), é efêmero e não pertence a tempo algum. Ele vive os mais diversos eventos de sua vida de forma aleatória. O resultado: a morte não é o fim de tudo; ele vivencia sua própria morte em meio a todas as outras coisas que viveu, vive e viverá.
Bem fragmentado. Bem pós-moderno. Mas brilhante.
“Eu visitei trinta e um planetas não habitados... Apenas na Terra há esse papo de ‘livre arbítrio’”.
Para Vonnegut, os seres humanos são completamente inconseqüentes. Fazem o que fazem porque precisam. E ponto.
Pouquíssimas pessoas conseguiram expor com tamanha precisão as fragilidades e as entranhas do ser humano.
Ele também me ensinou a não levar a vida tão a sério.
Que outros planetas sejam agraciados com o talento de Vonnegut.
Queria só dizer “obrigado”.
1 Comments:
Belo post meu quiridu amigo!!
realmente pessoas brilhantes sempre vao fazer falta aos que ficam!! ASS: abutrao X
Postar um comentário
<< Home