Ponto Jor

quarta-feira, abril 18, 2007

O som do senhor da carapinha vermelha.

Daniel Boa Nova

Que ano foi? Dois mil e dois? Acho que isso. No SESC Pompéia, o intuito era conferir as apresentações de Black Alien, Mad Professor e, principalmente, do mestre Lee Perry.

Você sabe, Lee Perry, a pedra fundamental do dub, que já tomou tudo o que podia e fumou mais um pouco. O mestre não é meu, foi de Bob Marley.

Uma notícia vazou naquele dia à tarde, depois confirmada no local: o tiozinho não viria e quem quisesse poderia devolver o ingresso. Não embarcara por ter pressentido que aconteceria um acidente aéreo por aqui. Diz a lenda que na mesma semana ocorreu um acidente, com um avião onde Perry não estaria.

Mas sua banda não compartilhou da premonição e compareceu. Fizeram uma apresentação espirituosíssima acompanhados por Mad Professor. Inesquecível.

Daí que anunciaram o show do velhinho para o Abril Pro Rock deste ano, que traria parte de suas atrações para uma edição-extra em São Paulo – algo que já acontecera em 2001, quando uma mini-edição do evento recifense apresentou Jon Spencer à cidade cinza. Lee Perry também tocaria no Rio no último sábado, no Circo Voador.

Aqui, o que se pôde ver na noite de ontem foi algo decepcionante. O Via Funchal aquém de sua capacidade - eu diria mil pessoas se muito. Imagine cortinas ao fundo. Da galera, não do palco. Antes do show começar, ouço dizerem no banheiro: "sabia que 6 em cada 10 brasileiros têm hemorróidas?". Continuo enrolando e torcendo para ser minoria. Bem, o show começou.

A banda entra antes, sozinha, para assumir seu posto de coadjuvante coesa. Um pouco depois surge o tiozinho, com seus mil colares e anéis e chapéu de mágico. Por incrível que pareça, ainda está com muita voz e, claro, o lado espiritual da coisa toda está ali presente. Mas o que eu queria ver mesmo era o cara atrás de uma mesa, fazendo sua alquimia. Do jeito que está me soa ordinário, no limite do burocrático.

Lee Perry quase não se move, esporadicamente circula. Talvez fosse demais pedir que pulasse e desse voadoras aos 70 e poucos, mas por isso mesmo insisto na mesinha, nos efeitinhos. Seu set é muito mais reggae que dub - perfeito para quem curte o roots, mas longe de cumprir a (minha) expectativa. Parece que ele priorizou o último disco, que admito não conhecer. E o show não durou mais que uma hora.

No bis, a impressão foi que todos chegaram ao camarim e se perguntaram “o que você sabe tocar de Bob?”. Voltaram, mandaram duas e adeus. Um bom show, mas não imperdível. O que ficou de mais forte foi o fato de poder sair e dizer “eu vi o cara”.
___________________________________________________

A boa surpresa da noite ficou por conta de um tal Los Alamos, banda argentina até então desconhecida para mim e que abriu o show. Seu som estradeiro e psicodélico parece bom para embalar uma viagem. Algo próximo de um Black Rebel Motorcycle Club latino. A conferir.
___________________________________________________

A idéia era ilustrar o post com fotos, mas não permitiram entrar com o aparato. Se alguém tiver algo, entre em contato que o crédito é garantido.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

desculpa cara, na boa... o mago foi lá pra fazer um show, não alquimia. quer sucessos? então vai ao show do natiroots ou do edu ribeiro e cantar me namora!

13:04  
Blogger Daniel Boa Nova said...

Desculpa cara, na boa... qual é o seu nome?

14:03  
Blogger Etil said...

Esse show foi daqueles que preferi nem ficar sabendo muito pra não passar vontade. De qualquer jeito, não rolaria.
Tenho o CD do Los Alamos e acho que te mostrei uma vez, é do cacete! É mesmo um B.R.M.C. ou Desert Sessions da Patagônia.

15:27  
Blogger Daniel Boa Nova said...

Putz, é real!

Preciso copiar esse, then.

15:45  

Postar um comentário

<< Home