Um tema ainda inesgotável (ou O Inferno Somos Nós)
A última São Paulo Fashion Week teve como pano de fundo o tema da sustentabilidade. Na Fórmula 1, a Honda transformou os espaços publicitários de seu novo modelo em vitrine para divulgação das empresas que realizarem doações através deste site. Enquanto que na cerimônia de entrega do Oscar, o documentário de Al Gore sobre a questão climática foi premiado.
O tema está em evidência, não dá pra negar. Mas preocupação verdadeira é fazer da oração uma realidade. E isso passa por mudar radicalmente nossos hábitos de consumo. Você sabe do que falo, é ou não é?
Quando leio, ouço e discuto meio ambiente, uma certeza tenho sempre presente: a de que o planeta Terra pode perfeitamente cuidar de si mesmo. É como disse Jim Dodge, escritor estadunidense, em entrevista ao Estado no último sábado: “Se continuarmos a tratar as outras espécies como produto disponível, vamos cozinhar no nosso ar quente e sufocar no nosso lixo”. O problema maior não é abraçar as árvores e os mico-leões dourados. É parar de enxergar o ser humano como começo e fim da existência, porque uma hora a fonte seca. Daí que as baratas e amebas podem viver sem nós, entende?
Por falar nisso, companheiro Bush vem aí. Já mandou avisar que a amizade mora na garantia de combustível para seus compatriotas em um futuro sem petróleo. Um não, o futuro. Os gringos sabem fazer etanol a partir do milho, mas sua produção doméstica não dará conta da demanda crescente. E, no que diz respeito à produção de álcool, o Brasil é líder. Money é good, imagino.
Bem escreveu Pedro Doria, em trecho aqui reproduzido: “o governo Bush resistiu durante anos à perspectiva de buscar combustíveis alternativos. Por um lado, porque rejeitava a idéia de que o aquecimento global está diretamente vinculado ao crescimento das emissões de carbono na atmosfera. Por outro, porque apostou no fornecimento de petróleo barato vindo de um “Iraque estabilizado”. Deu tudo errado. Com o relatório sobre clima divulgado semanas atrás (e endossado por grandes cientistas) e com o fracasso no Iraque, Bush teve que rever seus conceitos” (OESP, 25.02.07).
Daqui da minha posição, a milhas de distância dos salões fechados e sigilosos, torço para que os auto-proclamados heróis exemplares não percam a chance de exigir contrapartidas responsáveis dos vilões.