Ponto Jor

quinta-feira, outubro 25, 2007

A Mostra

Daniel Consani

A 31ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo está bombada. Como nunca esteve, é bom que se diga. Dentre as muitas razões para esse sucesso de público, destaco a ótima seleção de filmes feita por Leon Cakoff e sua equipe. Ótima seleção por dois motivos: primeiro, filmes mais comerciais, mais acessíveis ao grande público; segundo, filmes mais comerciais, mais acessíveis ao grande público.

Pois é. Para o público fiel do maior evento cinematográfico do país, a programação traz muitos filmes “arroz-de-festa” que devem estrear nas próximas semanas no circuito comercial brasileiro. Para o público acostumado a cinemas de shoppings centers e pipocas monstruosas (e oleosas), trata-se de uma ótima oportunidade para assistir bons títulos, de diretores conceituados (como De Palma e Cronemberg, por exemplo).

Eu, que pertenço aos dois grupos (um indeciso por natureza), tive a oportunidade de assistir a três filmes da Mostra, por enquanto (pretendo ver mais três até o fim do evento). São eles: “Em Busca da Vida”, de Jia Zhang-Ke, “Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto”, de Sidney Lumet, e “Control”, de Anton Corbjin.

O primeiro é chinês e mostra com uma candura bruta de um diamante recém-encontrado as transformações vividas pelo povo chinês em tempos como esses em que vivemos. Belíssimo.

“Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto” é ótimo. Com um roteiro inteligente e instigante (e uma montagem que é um clássico instantâneo), a obra nos leva a uma viagem dura, mas agradável.

Já “Control” é uma bela cinebiografia de Ian Curtis, líder da banda Joy Division. Cada plano do filme parece saído de horas de planejamento, graças a uma fotografia melancólica e uma direção de arte complexa e inteligente. Mas é no roteiro que a fragilidade do trabalho de estréia de Corbjin no cinema reside: sua superficialidade não nos deixa compreender as crises vividas por Curtis. Pena. Mas vale muito a pena.

Semana que vem tem mais.