Ponto Jor

terça-feira, julho 31, 2007

Anta após anta

Luis Pereira

Mais uma vez, nesse espaço, me vejo na obrigação de começar um texto com um ditado popular: errar é humano. Persistir no erro é burrice.

Não que eu acredite que provérbios constituem máximas incontestáveis. Claro que, na vida, é sempre bom carregar consigo certos axiomas. Mas, nesse caso, o próprio adágio possui diferentes versões na boca do povo, como: errar é humano. Persistir no erro é mais humano ainda. Ou, até mesmo, o famoso: errar é humano. Persistir no erro é americano.

Entretanto, a verdade é que, mesmo sabendo que opinião em massa é burra e que uma máxima breve popular pode não ser absoluta e concludente, é sempre bom parar e refletir sobre elas. Hoje mesmo, crio uma nova ramificação para o anexim do erro: errar é humano. Persistir no erro é inglês.

Justifico minha inspiração "luso-britânica" devido às infelizes declarações do novo premiê da Inglaterra, Gordon Brown. Acompanhado de jornalistas em seu avião rumo à sua primeira visita aos americanos do norte, Brown afirmou que o “mundo está em dívida com os EUA pela liderança na luta contra o terrorismo”.

E mais: declarou ser um grande admirador do espírito americano e, como primeiro-ministro, pretende estreitar ainda mais a relação da Inglaterra com os EUA.

Segundo nota publicada no jornal Folha de São Paulo, “Brown pode ter surpreendido muitos analistas, que esperavam do premiê uma postura diferente da de Tony Blair, que sempre concordava com George W. Bush”.

E num discurso tão burro quanto demagogo, Brown disparou: “neste século, caiu sobre os EUA o papel principal. Eles têm mostrado, por meio da valentia de seu povo desde o 11 de Setembro, que, enquanto prédios podem ser destruídos, valores são indestrutíveis”.

Para não ficar só na crítica, procuro lembrar que o terrorismo não é um problema isolado, como uma briga fictícia entre bonzinhos e vilões. É um problema complexo em que, de fato e como visto, a solução não é a intervenção abrupta de culturas e muito menos a dizimação de raças.

Só espero que erros como esse não persistam em ocorrer.

segunda-feira, julho 30, 2007

Rápidas da segunda-feira

Sara Puerta

A fuga dos cubanos
Parece coisa de filme, mas não é...
Alguns atletas da delegação de Cuba aproveitaram a saída do seu país para participar dos Jogos Pan-Americanos, para tentar a vida em outro lugar. Boatos ou não de desertores do país, Fidel Castro tenta conter seus conterrâneos com rédeas curtas.
Segundo o próprio, os cubanos são visivelmente superiores no esporte, no entanto, sofrem como mordidas de piranhas (uma analogia às fugas). Vai entender...

As medalhas
Nos dias de Pan-Americano, o Rio de Janeiro parece que voltou a ser uma cidade maravilhosa, pacífica e cheia de bossa.
Nenhuma bala perdida, chacina ou coisa parecida. Graças a Deus! E que o clima de Pan-Americano persista.
A Guerra do tráfico sabe dar trégua. Então que dê sempre!

Milagre do esporte
O Iraque, país arrasado pela guerra, venceu ontem a Arábia Saudita, um país bem mais rico e poderoso, na Copa da Ásia de Futebol. O treinador do time campeão é brasileiro.
Para nós apenas mais um brasileiro mostrado seu talento no exterior. Para os iraquianos, uma chama de esperança, uma luz no fim do túnel, uma distração.
"Uma fagulha de esperança em meio à divisão e o desespero", é o que diz a chamada do Jornal Independent.

sexta-feira, julho 27, 2007

Mas não deve ser nada

João Prado

8h15, terça-feira, 16/07. Três amigos chegam no aeroporto de Congonhas para embarcar no vôo de São Paulo à Fortaleza. Viagem de férias. O embarque estava marcado para às 8h00, em ponto.

"Vocês não poderão mais embarcar", diz a funcionária da TAM.

"Como assim?", respondem os três quase ao mesmo tempo. "O avião ainda não decolou e os passageiros estão entrando ainda nele", comenta Guilherme Macedo Pascal, um dos três companheiros.

"Lamento senhor, mas o tempo para embarcar nesse vôo já acabou", diz a funcionária da companhia.
Os três amigos resolveram esperar o próximo avião em uma lanchonete do aeroporto. A raiva tomou conta dos três novamente, quando perceberam através do painel da Infraero que o avião não havia decolado ainda. Horário: 10h30.

"Fomos reclamar na Infraero, que nos mandaram para a ANAC. Depois de esperar uma hora para sermos atendidos, chega um diretor falando: ‘Lamento, mas o atraso foi de vocês’".

"Mas o avião ainda está na pista, faz mais de uma hora", responde Leandro Madureira, o outro amigo.

"Pela legislação brasileira a aeronave pode atrasar até cinco horas. Mas o passageiro tem que chegar, no mínimo, com meia hora de antecedência", diz o diretor da ANAC, instituição que não faz porra nenhuma pelo sistema aéreo do país.

Em resumo: os três amigos voltaram para as suas casas e embarcaram no dia seguinte para o Ceará. Pegaram um outro avião da TAM, exatamente no dia da queda do Airbus 380.

Este blogueiro está cansado. Exausto. Não tive tempo para apurar nada de consistente. Essa história caiu no meu colo, sem um esforço de reportagem (as vezes é assim mesmo). Pessoalmente, o problema do caos aéreo nunca me despertou a atenção. Sempre achei (continuo achando) que o Brasil tem outros problemas tão mais sérios do que esse – o que não exclui a necessidade de resolve-lo. Acontece que 200 pessoas morreram e o que se vê, ouve e percebe-se é que não faltam declarações idiotas de autoridades nos jornais. Fala-se muito e não acontece nadinha nadinha. Ainda por cima surgem os aproveitadores de plantão (eles nunca vacilam). É aquele tipo de pessoa que pega carona na tragédia, para contabilizar à seu favor, fotos, votos, carisma e vantagens.

O que era "prioridade" pública, virou política. Agora é a guerra dos partidos (e dos empresários que representam os partidos), para disputarem os holofotes da televisão e dos fotógrafos. É o jogo de quem aparece mais e quem se desgasta menos.

Histórias como a citada acima, de pessoas que só queriam viajar, existem várias e cada uma com a sua complicação. Mas no caso dos três amigos, eles estão vivos!

Graças a quem?

Nota do blogueiro: cria asas e voa, mané!

quinta-feira, julho 26, 2007

Quadro de medalhas: 200 mortos

Daniel Consani

Às vezes, odeio ser o cara cético. Mas não tem jeito. Dói em minhas entranhas o ufanismo da imprensa brasileira frente a boa participação brasileira nos Jogos Pan-Americano. Ainda mais depois da catástrofe ocorrida na semana passada.

Concordo com Juca Kfouri, que em sua coluna do último domingo na Folha, deu o valor exato do número de medalhas do Brasil no Pan: 200 mortos.

O motivo é óbvio. Será que se o dinheiro exorbitante gasto com as obras dos complexos esportivos no Rio de Janeiro tivesse sido gasto com melhorias na infra-estrutura do setor aéreo brasileiro a tragédia de Congonhas teria acontecido?

Boa pergunta. Muitos a acham absurda.

Eu continuo achando que absurdas foram aquelas mortes horrendas.

Sai Pires. Entra Jobim. Que diferença faz? Acredito que nenhuma. Espero que muita.

quarta-feira, julho 25, 2007

Vou te contar por que a NET é uma porcaria.

Daniel Boa Nova

Esse post era pra semana passada, mas os fatos conspiraram. Ainda assim, acho importante não passar batido, porque é diário o desserviço prestado pelas operadoras de telefonia, celular, TV a cabo – que, na verdade, são as mesmas para todos.

Pois bem... a campanha da NET, com aquele russo estúpido e tudo mais, diz que “os nets são os maiorais”. A dúvida é: no que?

Conforme já contei aqui, no começo desse ano resolvi contratar os serviços da operadora. E, no sábado retrasado, dia 14/7, eu e uns amigos decidimos dar ainda mais dinheiro pros caras para assistir ao Corinthians x São Paulo no conforto do sofá. Sim, pay-per-view, 60 pratas.

Liguei na Central de Relacionamento – o único número disponível no site e em conta – e, entre as várias vagas opções, digitei a que me pareceu mais próxima. Digamos que era a 6. Após ouvir uma introdução gigantesca que apresentava jogo a jogo da rodada, cheguei a uma voz humana. Que me disse que o ramal não era aquele e para eu ligar na opção, digamos, 5. Transferir a ligação? Nanaum, tsc tsc, sem chance.

Lá vou eu de novo. Opção 5. Agora quem me atendeu disse que eu tinha ligado no 4 e que o correto era o 7. Tipo, absurdo. Transferir a ligação? Nanaum, tsc tsc, sem chance.

A vontade era gritar “porra, ceis não querem ganhar dinheiro?!”, mas duvido que fosse gente da NET. Imagino que cada opção do menu do call-center seja uma empresa terceirizada distinta, daquelas que contratam operadores de telemarketing para estar ganhando 300 por mês.

Pedi pra minha amiga ligar no outro ramal, porque eu ia ameaçar de morte o primeiro que atendesse. Enquanto isso, conectei na internet. Entrei no site, fiz o cadastro com todas minhas informações pessoais e recebi um email:

Caro(a) Daniel Boa Nova,
Seu pedido de PPV DE FUTEBOL foi recebido pela nossa Central de Relacionamento e está em processamento. Assim que o processamento do seu pedido estiver completo, você receberá um e-mail com essa confirmação.


Nessa hora eu já tava achando que beleza, ali funciona - até porque minha amiga não foi sequer atendida no ramal indicado pelo próprio atendente da NET. Mas que nada. Exatos 5 minutos depois, chegou a confirmação:

Caro(a) Daniel Boa Nova,
Informamos que a sua solicitação de PPV DE FUTEBOL foi reprovada.O motivo da reprovação é Evento não está mais em comercialização.

Que fique bem claro: em nenhum momento, nem na TV, nem na Central de Relacionamento, nem no site, nem na confirmação do cadastro, a empresa comunicava essa impossibilidade. Daí que fomos assistir ao jogo em um bar e gastamos o equivalente em cerveja, porções e etc.

Detalhe: antes de decidir assistir ao jogo com esses amigos, eu tinha combinado de assisti-lo na casa de um outro amigo, um palmeirense que comprara o pacote do pay-per-view para todo o campeonato. Desmarquei pra ver em casa. E fiquei sabendo que, na casa dele, caiu o sinal.

Agora me fala: os Nets são os maiorais no que mesmo?

terça-feira, julho 24, 2007

Truques e batuques

Luís Pereira

Princesa Tenko, uma das ilusionistas mais famosas do Japão, se acidentou em uma apresentação no último domingo. Em um número em que Tenko deveria escapar de uma caixa antes que o objeto fosse perfurado por dez espadas, alguma coisa falhou no truque e duas lâminas feriram a ilusionista. Um corte profundo rasgou sua bochecha e outro a feriu nas costas.

Segundo seu empresário, Noburo Ochiai, Princesa Tenko está sofrendo muito e ficará um mês de repouso.

Assista, abaixo, uma das apresentações da princesa ilusionista.



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Eu li hoje no blog da minha digníssima amiga e jornalista Mariana Serrano (Motherfuckingirl) - o Mar.í - duas ótimas dicas de músicas (estilo pelo qual escreve com preciosidade única) para ouvir e acompanhar. A primeira é a cantora e compositora Mariana Aydar, que se apresenta nos próximos dias 27 e 28 no Tom Jazz. Vale à pena conferir. E a outra é o grupo de hip hop recifense Inquilinus. Batuque supimpa!

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Estreou recentemente o blog Quadragésimo Terceiro, do meu grande parceiro Fabio Raphael. Com a idéia de ter um “pé profissional”, o blog do 43 é uma boa para quem está interessado em ficar por dentro das últimas novidades em e-commerce e tecnologia. Segundo o próprio Fabio, “a publicidade por tecnologia e interatividade é um segmento novo e ainda pouco explorado, e existem vários profissionais sedentos por informações nessa área”.

Atualmente trabalhando como gerente de e-commerce da Panashop, Fabio Raphael denomina sua área de atuação como a Publicidade da Nova Era e confessa que seu blog terá como objetivo expressar muito do que gosta, sente e faz.

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Can you find the hidden tiger?

segunda-feira, julho 23, 2007

Lá se vai "Toninho Malvadeza"...

por Sara Puerta

Um pouco abafado pelo acidente trágico com o Air Bus – que afinal, nos deixou muito de luto – e gloriosas e sofridas medalhas no Pan Americano, se foi – dessa para uma bem melhor!- um dos maiores mitos do cenário político brasileiro. O baiano Antônio Carlos Magalhães, “ex-tanta coisa” no governo. Para mim, um ser folclórico, que faz parte do folclore que tornou-se a política brasileira.

Ouço algumas pessoas e alguns meios de comunicação ensaiando quase citá-lo como herói, um homem bom, como algumas pessoas se tornam depois de morrerem : santos e homens incapazes de fazer o mal, nem para uma mosca. Mas, claro, o bom-senso e a memória curta logo trata de lembrar do seu traço mais marcante: o lado político, isso é, como ele fazia política.

E ainda, faz refletir sobre o que é ser político. É passar por cima de todos, se aliar até com inimigos, e depois “virar a casaca”, é conseguir mandar mais que presidente. E ainda, conseguir ter carisma suficiente para ser adorado pelo baiano, chegando a ter o “corpo fechado” para se reeleger diante de qualquer que seja a denúncia.

ACM é mau. È bom. É esperto. Cara de pau. Parece personagem de novela, daqueles imortais que fazem parte da primeira fase até o capítulo final. E como todo enredo que preze o bom maniqueísmo, perdeu o trono aos poucos e morreu no final.

Não deixou crias. Deve ter deixado arquivos, malas pretas aliás muitos, daqueles que qualquer um daria tudo para ver, ou torcesse para que ele revelasse tudo no leito de morte, no Plantão da Globo, quase um desfecho mexicano. Segura o B.O. todo o Congresso Nacional!

sexta-feira, julho 20, 2007

Fatos, perdas e culpados




João Prado
Caros poucos leitores. Primeiro vou confessar uma coisa: nunca foi tão difícil escrever algumas linhas. Escrever para mim é uma necessidade. Primeiro pessoal e depois profissional. Mas estar na cena do acidente com o Airbus da TAM, cobrindo a tragédia para revista na qual atualmente trabalho, me fez pensar que às vezes o melhor é entregar os pontos no texto.
Estive no local do “acidente” desde terça-feira. Voltei na quarta e na quinta. Entrevistei pilotos, bombeiros, militares, parentes das vítimas e simples passageiros que estavam nas filas em frente aos balcões das empresas aéreas – todos aparentemente conformados, apesar de saberem que ali, logo do lado, estavam sendo retirados cerca de 200 corpos.
Tinha um post pronto para hoje. A história de uma mulher que morreu e deixou família, amigos e namorado (haviam acabado de comprar um apartamento e iriam se mudar em poucos dias). Uma história comum e comovente como a de uma pessoa comum e comovente – ainda mais elevada ao peso do desastre.
Mas eu e minha consciência resolvemos combinar: se não contar a história de todas as pessoas envolvidas, não é justo e não é certo. Todos ali, pessoas-humanos-simples-e-defeituosos, merecem a lembrança, a menção de suas histórias que muitas vezes não valeria merda nenhuma para ninguém. Pecaram, odiaram, amaram, viveram e tiveram suas vidas arrancadas. A mulher que morreu e deixou o namorado talvez vire um personagem de algum livro que eu escreva. Talvez ela não morra no final ou morra de maneira mais digna na história.
Não! Não era o destino daqueles passageiros estarem lá e não era destino morrerem carbonizados. Nessas horas, Deus que se foda.
Reparar os erros e apontar as falhas e seus autores não é vingança e sim justiça. Infraero culpada, TAM culpada, Aeronáutica culpada e, principalmente, o governo culpado. Alias, o governo, em todas as suas esferas, culpado pela omissão e crime seguido de morte. No caso do “acidente” (vou parar de usar essa palavra), a diferença foi que mataram 200 pessoas de uma vez só. São milhares e centenas de outras mortes que acontecem durante todos os anos nas favelas e nas estradas do Brasil.
Além do que já foi publicado na imprensa, trago o olfato ainda impregnado pelo cheiro forte da fumaça que saia do prédio da TAM. Só. Meus relatórios foram entregues na redação. Talvez publiquem ou talvez não. Não me importa.
O que importa é saber que as autoridades e governo tinham informações suficientes para saberem dos riscos de pousos em Congonhas. Ali tem lobby de companhia aérea para liberar pista, uma Infraero incompetente e cheia de aproveitadores no comando, uma aeronáutica que não entende nada de transportar humanos em aviões e um governo que há 20 anos é a tradução real do que se entende por crime organizado.
Fica a indignação e a promessa de que lá em Congonhas, até que seja efetivamente resolvido o problema, eu não desço de avião nem que me paguem.
(as fotos acima estão escuras por falta de um flash ideal. Foda-se)

quinta-feira, julho 19, 2007

Crônica de uma tragédia anunciada

Daniel Consani

Tenho para mim o seguinte: o acidente com o Airbus da TAM em Congonhas foi causado por uma junção de erros muito, mas muito graves. Pista de pouso que não apresenta as condições de segurança necessárias, tempo instável, erro do piloto que tentou aterrissar com o avião ainda em altíssima velocidade etc.

Mas há um componente que guia todos esses aspectos para o caos: a lógica do capital.

Quando penso, por exemplo, no calamitoso número de motociclistas que morrem todos os dias nas ruas da cidade de São Paulo (1,3 por dia, segundo dados da CET), não consigo deixar de atinar para algo bastante simples: não fosse a pressa que temos de entregar documentos e executar nossas tarefas, não precisaríamos de uma pessoa que arrisca a própria vida nos corredores das avenidas paulistanas. É a lógica do dinheiro, mais uma vez. Afinal, o que são cerca de 180 mortes por semestre se os lucros dos bancos, por exemplo, girou em torno de R$ 2 bilhões de janeiro a junho desse ano?

E foi a gana pela grana que facilitou as coisas para que Congonhas se transformasse em algo parecido com um campo de batalha, com telefones celulares tocando sem resposta e com uma fumaça negra que cheirava tão mal que é difícil descrever, de acordo com relatos.

A pressa em entregar a pista reformada, a diminuição do intervalo de tempo entre um pouso e outro, as pessoas que se levantam antes de o sinal de “afivelar o cinto de segurança” tenha sido desativado, as dezenas de vezes que você aperta o botão acionando um elevador, os três minutos que você leva para devorar um Big Mac. Tudo isso diz muito sobre a forma como conduzimos nossas vidas, sobre como nos damos pouco valor.

Por hoje, deixo apenas sinceras condolências para as famílias das vítimas do vôo 3054. Que, por Deus, elas se sintam confortadas.

quarta-feira, julho 18, 2007

Tragédia. Mais uma.

Daniel Boa Nova

A estrutura é um aeroporto esgotado no centro-expandido da cidade, rodeado de residências. A conjuntura é a precariedade nos serviços prestados pelas empresas aéreas e um histórico recente de acidente da Gol, CPI e operação padrão. E a chuva, sim, a chuva que cai há dias.

Todos meus sentimentos aos familiares e amigos das vítimas.
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Acidentes acontecem. Evitar é preciso. Quanto maior a concentração de vôos, maiores as probabilidades. Há 11 anos caiu o Fokker 100 da TAM e já se falava em desafogar Congonhas. Ou seja, uma notícia de anteontem. E cada um que reze pelo seu santo.

Diz a lenda que, por ser um enclave, o aeroporto é ponto estratégico na disputa entre as companhias aéreas. Alto nível de interesse em manter a saturação. E todo um sistema e uma cidade reféns de seu bom funcionamento. Algo difícil de levar a júri: a via para mudança é política.

E não estou dizendo que a bronca é dele, mas em sua primeira manifestação pública sobre a tragédia, ali no local (e transmitida nos jornais da Cultura e da Globo), Serra fez questão de mencionar a presença do governo estadual, citando números de hospitais e bombeiros e ambulâncias à disposição.

Números. Quanta sensibilidade.

terça-feira, julho 17, 2007

Dica para os produtores de plantão

Luís Pereira

O computador e a internet são e continuarão sendo por um bom tempo os maiores aliados dos criadores e produtores de audiovisual independentes. Nenhuma surpresa por aí.

A novidade está por conta do recente lançamento da Editora Abril, a FIZ TV, um projeto com a idéia de canalizar e veicular as melhores criações e produções de imagem e som possibilitadas pela web 2.0.

A FIZ TV funciona de forma parecida com o YouTube, só que com a grande diferença de que os vídeos mais famosos e mais votados podem chegar na TV.

O que continua surpreendendo é a agilidade com que as coisas acontecem na internet. A FIZ TV mal entrou no ar e já tem gente colocando as mangas de fora e produzindo em massa, como o interessante Conversas de Elevador, que já se encontra no 19º episódio, ou a produção quase hollywoodiana do Meteoro cai em Belo Horizonte.

sexta-feira, julho 13, 2007

Clássico e Clássico e vice-versa

João Prado

Não vou comentar aqui neste post os escândalos políticos. Nada de falar sobre o processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros, por quebra de decoro ou sobre a inútil Assembléia Legislativa de sp, que mais uma vez empurrou para frente a CPI que investiga as fraudes nas licitações da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). A trajetória dessa novela mexicana que é a vida política brasileira (na verdade, as novelas mexicanas são bem melhores) é fácil de saber: Renan, mais conhecido como o amante da gostosa da Mônica Veloso, vai se desgastar, sair da presidência do senado e depois voltar aos braços do povo que o elegeu novamente. Já a CPI no estado do PSDB, vai ser cozinhada para manter a figura do governador passado, Geraldo Alckmin Daslu, como o exemplo de administrador público.

Como diz Jorge Bem, "Saí da minha frente que eu quero passar..."

Como a semana foi curta, e o repórter que vos escreve não teve tempo para apurar fábulas da babilônica são paulo, aproveito aqui para fazer dois rápidos comentários sobre os clássicos que acontecem nesse final de semana.

No brasileirão, Corinthians e São Paulo jogam Sábado (às 20h00?). Um jogo que promete, já que o Corinthians tenta acabar com o tabu de não ganhar do São Paulo há quase quatro anos. O tempero também fica por conta da grande questão futebolística do momento: de que lado joga o são paulino Richarlson? Quem é o macho de dizer que se importa?

Meu palpite é que os marginais da avenida sem número ganham de 1x0, com um gol do atacante Finazzi.
Já no domingo, Brasil x Argentina. Torço para que seja um jogo sofrido para ambas as seleções (é a típica partida que nenhum torcedor saí perdendo). Nada de goleada. O melhor é ver um jogo desses em estado de atenção até os 47 do segundo.

Sem enrolar mais, pois. Aposto em um golaço do Robinho, o próximo artista que vai trazer uma Copa do Mundo para a gente. Aliás, nada mais brasileiro do que o Robinho pedalando.
O único porém é que, na segunda-feira, os brasileiros irão perceber que havia um Carlitos Tevez no meio do caminho, no meio do Caminho havia um Carlitos Tevez.

Argentina 2 x 1 Brasil

Boa sexta-feira 13!

quinta-feira, julho 12, 2007

A aula de Robert Fisk

Daniel Consani

No último final de semana tive o prazer de acompanhar alguns dos principais encontros ocorridos na quinta edição da Flip (Feira Literária Internacional de Parati). Ainda não havia estado na graciosa cidade fluminense, dessa forma, confesso, fiquei surpreso com o clima cultural que envolve a cidade. Além de ser muitíssimo simpática, Parati é linda e conta com inúmeros artistas declamando poemas em praça pública e vendendo suas histórias, por cinco reais, em mesas de restaurantes.

Pois bem.

Sábado. O debate mais aguardado por este que vos escreve, intitulado “Narrativas de Conflito”, aconteceria às 17h e contaria com a participação de Lawrence Wright e Robert Fisk. O primeiro é jornalista da New Yorker e ganhador do Pulitzer deste ano com a publicação do magnífico “O Vulto das Torres”, obra que discorre sobre as raízes do fundamentalismo islâmico e, por conseqüência, sobre o nascimento do terrorismo como viemos a conhecê-lo a partir de setembro de 2001. O segundo é correspondente do diário inglês “The Independent” no Oriente Médio, onde mora há quase trinta anos, e teve a oportunidade de entrevistar Osama Bin Laden em três ocasiões.

Acerca do encontro, o que posso dizer é que foi excelente, embora curto demais. Os quinze minutos de atraso no início e a pontualidade britânica no final (porque a apresentação seguinte, com J. M. Coetzee, tinha de começar no horário) ajudaram a espremer as discussões do encontro que eu mais aguardara. Mas tudo bem. Horas antes eu havia participado de uma entrevista coletiva com Robert Fisk, e esse já tinha sido o melhor dos acontecimentos.

Reproduzo abaixo alguns dos melhores momentos dessa entrevista.

As guerras fazem parte da evolução da humanidade. Como esse conceito se aplica aos constantes conflitos ocorridos no Oriente Médio nas últimas décadas?

Primeiramente, eu não acredito no choque entre civilizações. O que acho é que nós ocidentais temos constantemente ido ao Oriente Médio, desde as Cruzadas, com o discurso de que queremos salvá-los. Mas do que é que eles precisam ser salvos? Dizemos que não queremos conquistar a terra, mas tornar o povo livre. Isso é uma mentira sem tamanho. Nós, ocidentais, somos os senhores da guerra e sempre invadimos o Oriente Médio.

Em sua opinião, qual seria a melhor solução para o entrave criado com a ocupação do Iraque pelas tropas ocidentais?

Sair de lá imediatamente. Outra grande besteira é essa fala de Washington dizendo que a retirada das tropas deixaria um buraco atrás de si. O buraco já está aberto e nada de efetivo foi feito para sanar o problema nos últimos quatro anos. O Oriente Médio precisa de justiça, não de democracia.

Que impacto as eleições nos EUA no ano que vem podem ter nesse crescente ódio entre as civilizações árabe e ocidental?

Praticamente nenhum. Tenho visto os discursos dos democratas, Hillary e Obama, em especial, e não acredito que haverá uma mudança verdadeira na forma de conduzir as coisas no Oriente Médio. É muito parecido com a condução dos republicanos. Infelizmente.

quarta-feira, julho 11, 2007

Humorcore no conformismo frente ao absurdo

Daniel Boa Nova

No pós-feri, a caixa de entrada tem um email: show na quinta da banda da VJ Luísa, da MTV.

Puta que o pariu, mereço.

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Você conta uma história e uma roda a escuta. O motivo da reunião não é sua história. Mas, estando ali, que se conte algo.

Todos riem ao final. Só fulano pergunta: “quem?”.

É o começo da história. E você finge que não ouviu a dúvida.

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Ela está entre as com mais amigos e talvez seja apenas por isso que ainda esteja. Bastante tempo de casa, bastante tête-à-tête, bastante moral. Se acha muita coisa, dá a si o direito de tratar pessoas como, quando e se quiser. Não só: se acha gostosa pra caralho, desfila pelos corredores, fazendo de tudo para ser percebida. Repete para si mesma em frente ao espelho: “eu me comeria fácil!”.

Mas ninguém a comeria. A cada sexta-feira à noite deve devorar um pote de Haagen Daas, sozinha em casa.

Coitada?

Coitada é da professora diplomada, lá no Zimbábue, que pra poder pagar as contas tem que fazer jornada dupla se prostituindo. Que ganharia mais se topasse não usar camisinha, em um país onde um em cada cinco tem o HIV.

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Agora, se eu conseguir um IPhone, será que me dão aumento?

terça-feira, julho 10, 2007

O caos proporcionando democracia ou vice-versa

Luís Pereira

Sábias palavras foram proferidas nesse espaço sobre o caos aéreo, como quando o nosso estimado colega Jonny Motherfuckinman atribuiu o problema – principalmente - à diminuta elite, justificando que as filas que verdadeiramente o preocupam, assim como a maioria da população, estão nos metrôs, nos ônibus ou nos bancos. Ótima analogia, sempre com o tom sarcástico que aqui o caracteriza.

Levando em consideração outro ponto de vista, alguns números veiculados pela revista Veja dessa semana - na matéria que tenta levantar soluções para o caos aéreo – me intrigam, fazendo com que passe pela minha cabeça uma descompromissada reflexão sobre o mesmo anticosmos:

Segundo a revista - com fontes imputadas à Anac, Infraero, TAM, Gol e Varig - o preço da passagem vem caindo de ano em ano e os passageiros, da mesma forma, aumentando em quantidade. Assim, fica parecendo que o serviço aéreo está tão ruim, mas tão ruim, que as empresas se encontram na obrigação de diminuir os custos para atrair mais gente, evitando prejuízos e, ao mesmo tempo, abrindo espaço para pessoas de menor poder aquisitivo.

Hoje em dia não é mais nenhum absurdo comparar preços de passagens de ônibus com preços de passagens de avião. E, se não me falha a memória, já vi casos em que essa diferença não ultrapassava 30 reais. Ou seja, o que não dá para comparar é o custo-benefício.

Portanto, não me espanta os aeroportos estarem cada vez mais com cara de rodoviária. Veja bem, cara de rodoviária (Há muito não viajo de ônibus, mas toda vez que viajei embarquei pontualmente). Quando me refiro na cada vez mais evidente semelhança de um aeroporto a uma rodoviária, faço uma alusão apenas à aparência mais humilde. Isso porque, quando eu era criança e viajava de avião com os meus pais, lembro-me que só o fato de ter que fazer uma viagem como esta já exigia certa etiqueta, como estar limpo e impecavelmente arrumado. E conviver nesse meio significava encontrar com gente chique e famosa.

Engraçado é que, com os atrasos nos aeroportos, as pessoas – ditas polidas e educadas - se esquecem por instantes da educação e protagonizam momentos dignos de uma feira em Acari. E os que ainda preferem se esticar em qualquer canto para evitar a fadiga, ficam parecendo os cosmopolitas sem endereço – estirpe comum nas rodoviárias. E a verdade é que viajar de avião não é mais exclusividade de pessoas ricas ou daquelas que viajam uma vez na vida e outra na morte.

Agora, o mais curioso é que nessa equação não se sabe ao certo a causa e o efeito e se a ordem dos fatores altera o resultado. Se é o caos que está proporcionando a democracia ou se é a democracia que está proporcionando o caos. Ou seja, um sistema tão ruim e bagunçado que proporciona o acesso, ou um acesso tão grande proporcionado por um sistema ruim que proporciona um sistema pior ainda?

segunda-feira, julho 09, 2007


E as sete maravilhas...

Sara Puerta

Existem sete monumentos no mundo considerados obra dos Deuses. E ultimamente temos ouvido, lido, visto uma campanha incessante para arrecadar votos para o Cristo Redentor de 38 metros, braços abertos sobre a cidade do Rio de Janeiro.
E no último sábado o Cristo foi escolhido juntamente com a Muralha da China, Ruínas de Petra, Macchu Picchu, Chichén Itzá, Coliseu e Taj Mahal um dos sete “lugares para se conhecer antes de morrer”. Bom, e que tudo conspire para que todos possam conhecer os monumentos antes de passarmos dessa para melhor.

De fato, o Cristo é lindo mesmo. A vista lá de cima, é uma benção e uma análise antropológica e social. E por todos os ângulos, o monumento tem algo que chama atenção.
Na visão de baixo, o olhar é de incredualidade “Cara! Como é alto!!”, de cima “Nossa! Parece que ele abraça a cidade!”

Contrastando com tudo isso, quem acompanha as notícias do Rio, enxerga que uma imagem que lembre benção e proteção, não poderia estar melhor colocada, rodeada com uma considerada vegetação, em tempos de degradação ambiental.
Sob o glamour de uma cidade turística, que acolhe os jogos do Panamericano, que tem um carnaval luxuoso, existe um sistema tão ou mais complexo, acredito eu, que qualquer máfia italiana ou chinesa. Um sistema dominado por dinheiro, drogas, armas pesadas, corrupção e, por mais incrível que pareça, cada vez mais sem o tão aclamado maniqueísmo, de bandidos e mocinhos.
Por aqui, só esperamos que um título de respeito mundial como esse “traga vida nova aos barracões”, como já dizia Jorge Ben em seu carioquissímo “Se segura malandro”.

sexta-feira, julho 06, 2007

Paraisópolis: Na rota da especulação

João Prado

O governo federal destinou R$ 253 milhões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), para o projeto de urbanização da favela de Paraisópolis, localizada na zona sul de sp, no bairro do Morumbi. Em breve, acredito, veremos no horário nobre da televisão uma propaganda dizendo: "Levaremos infra-estrutura para as comunidades carentes". O anúncio já virou manchete e o prefeito Kassab já assinou um protocolo de intenções para as obras.

Mas a verdade apurada é outra. Os tais investimentos atendem a velha lógica da especulação imobiliária. É simples de entender: o crescimento desproporcional de Paraisópolis afetou o valor dos apartamentos da região. Tirar todo aquele povo da favela (estimativa de 80 mil moradores), vai fazer subir o preço do metro quadrado e deixar contente a parcela que interessa aos governos – leia-se as pessoas que tem título de eleitor.

Morador de um apartamento de 270 metros quadrados, Antônio Tozo Vitória, 48 anos, será um dos beneficiados pelo projeto: "Abro a janela da sacada e vejo uma imensidão de barracos. Comprei esse apartamento há dez anos por R$ 200 mil. Meu plano era vende-lo atualmente por 1 milhão, mas o apartamento chegou só em 460 mil". diz. Vitória quer a urbanização. Vitória vota na eleição. Até aí nada de novo.

Do outro lado dessa realidade nada virtual está Zé Silvano. Um pernambucano que chegou na favela há oito anos, para trabalhar como pedreiro na "terra das oportunidades". A prefeitura já ofereceu 5 mil reais para ele sair da favela. "Com cinco mil reais eu não faço nada. Não compro nem um barraco e nem consigo voltar pra minha cidade". Silvano não sabe se quer a urbanização. Silvano não vota na eleição. Até aí nada de novo.

Leandro Madureira, um amigo geógrafo, me disse que qualquer projeto de urbanização segue a lógica da selva de pedras. O grave aí é querer arrancar uma multidão sem dar o mínimo de perspectiva. "Querem tirar essa gente de lá. O lugar para onde eles vão não importa", conta.

Caso seja realmente veiculada uma propaganda na televisão sobre o projeto em Paraisópolis, o slogan correto deveria ser: "Urbanização. O que os olhos não vêem o coração não sente".

Fico com a canção da Nação Zumbi, a tropa de todos os baques, que diz "Corro e lanço um vírus no ar, sua propaganda não vai me enganar".

quinta-feira, julho 05, 2007

O Pan é nosso!

Daniel Consani

Segue a vida nessa terra de Calheiros, Roriz e aeroportos que mais parecem dormitórios.

Segue a vida em meio a tiros no Complexo do Alemão e fogos de artifício para a abertura dos Jogos Pan-Americanos.

Estamos afogando em mediocridade? Parece que sim, mas relaxemos e gozemos. Sim, relaxar e gozar. Essa é a metanarrativa dos novos tempos. A resposta universal para os problemas indissolúveis. De acordo com esta, não há pênis frouxo que não fique ereto, nem homens retos que não verguem, muito menos açougueiros que não paguem o dobro do preço de mercado pela arroba do gado.

Sim, celebremos. A desfaçatez, a ignorância, a intolerância e o circo brasiliense. Este último em especial, claro. Sem ele, é bom lembrar, não aconteceria o Pan, já que o engodo custou dezenas de vezes mais do que o previsto originalmente. Sorriam, então! O dinheiro que viabilizou o Pan do Brasil (e da vergonha) saiu do nosso bolso! Somos todos, um a um, responsáveis por tal evento, que, diferentemente do que a Globo gosta de bradar, não é levado a sério por nenhum esportista sério do novo continente!

A esse respeito, gostaria de indicar o blog "A verdade do Pan 2007", ótimo trabalho jornalístico.

Realmente imperdível.

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Outra dica: há um abaixo-assinado no PetitionOnline intitulado "Pró-células-tronco embrionárias" endereçado ao Supremo Tribunal Federal. Se você é a favor da causa, não deixe de assinar. Eu já o fiz.

quarta-feira, julho 04, 2007

Parabenzis

Daniel Boa Nova

Enquanto a polícia age em conjunto com o exército para invadir o Complexo do Alemão e deixar atrás de si um mar de sangue, chumbo e indignação, uma notinha um pouco mais amena: esse formato conhecido como blog está completando 10 anos de vida. Hoje estima-se que sejam cem milhões na rede.

E digo que vieram para ficar. Não falo nem dos meus: simplesmente não imagino acessar a internet sem poder ler os que gosto. Você imagina?

Aliás, já percebeu que todo dia tem parabéns pra alguma coisa?
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Mas então: é realmente sobre a megadesastrosa operação policial de semana passada no Complexo do Alemão que eu queria escrever. E não é para dar os parabéns a ninguém.

Parece que a gente já se acostumou às notícias da guerra, mas por que mesmo foram até lá? Para desarmar os traficantes de drogas? Aqueles que se munem para garantir o cumprimento de uma lei paralela que existe onde o Estado não chega (a não ser através da polícia)? Lei essa necessária ao funcionamento de um negócio que, por ser ilegal, é tão violento para muitos quanto lucrativo para alguns?

Acho impressionante como a cada nova investida e mesmo com o aumento das baixas, a imprensa perde a oportunidade de debater a questão da legalização das drogas. Que alguém me apresente, por favor, um artigo ou reportagem linkando o tema aos fatos. Vamos combinar que as atuais políticas públicas anti-drogas de nosso país são falidas. Ou comparemos a quantidade de mortos no combate ao tráfico com a quantidade de mortos por overdose no País. Vou dar uma colher de chá e tirar da balança os que morrem por motivos relacionados ao consumo de álcool.

Se o custo em vidas não basta para os cínicos – afinal, não é a vida de nenhum parente a perdida -, falemos dos custos financeiros. Quanto sai o bangue-bangue? Eu não sei. Mas que sejam incluídos na conta as casas e carros destruídos em cada episódio.

terça-feira, julho 03, 2007

Você já foi a Bahia? Não nego? Então vá!

Luís Pereira

Se eu tivesse que definir a Bahia em apenas uma frase, diria: Bahia, a terra da simplicidade e da alegria. E não estaria exagerando ao afirmar o poço de criatividade que é capaz a soma de sua disposição geográfica ao seu povo e suas características naturais. A Bahia é mesmo um lugar lindo, em que tamanha beleza não é formada apenas por belas praias ou cidades topograficamente brilhantes, mas, sim, pela essencial graça de um povo que festeja.

Nas duas últimas semanas em que estive ausente aqui no PontoJor, estava em Salvador. Todos que me conhecem sabem que sou filho de mãe soteropolitana, cuja família ainda se encontra praticamente toda na Bahia, fato de que me orgulho muito e de que, às vezes, me lembro de agradecer a Deus. Fazia dois anos e meio que não ia até lá e tratei de agarrar essa oportunidade para mais uma vez atestar o quanto eu amo aquele lugar.

Já fiz algumas viagens para a Bahia a fim de desbravá-la e conhecê-la a fundo. Em outras oportunidades já estive em diversos lugares da Ilha de Itaparica, já estive em Morro de São Paulo, Ilha do Medo, Guarajuba, Praia do Forte, Conceição de Salinas, Salinas das Margaridas, Arembepe, Chapada Diamantina, entre outros. Dessa vez, confesso que fui mais no intuito de aproveitar a família, meus avós ainda firmes e fortes, meus priminhos que estão crescendo, meus tios e amigos que eram “porra-locas” e agora estão evoluindo.

Aproveitei bastante, curti um São João que não se vê por aqui, pelas bandas do Sul. Fui com a família para uma cidade do interior chamada Inhambupe. Lá, festa tradicional, fogos, milho e muito forró. O mestre pernambucano Luiz Gonzaga sendo lembrado, tocado e parafraseado a todo instante.

Sinto-me um verdadeiro felizardo em poder testemunhar e acompanhar de perto a evolução de um povo que, independente de qualquer situação, acredita que vive no paraíso e que fundamental é ser feliz.

Portanto, se você, por um acaso, ouvir um chamado metafísico de Dona Canô, não hesite, vá!

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Como estou falando da Bahia, nesse post não poderia deixar de mencionar um mestre baiano em particular: Raul Seixas.

Raulzito, se vivo, completaria 62 anos no último dia 28 de junho.

Como homenagem, separei um trecho de tantos outros fantásticos da obra do genial Maluco Beleza, pois quando o assunto é Raul, considero-me um sequaz do saudosismo.

“Se o que você quer em sua vida é só paz
Muitas doçuras, seu nome em cartaz
E fica arretado se o açúcar demora
E você chora, você reza, você pede, implora...
Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz
Eu sei, sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel
E que a guerra é produto da paz”

segunda-feira, julho 02, 2007

Ai meu estômago

Sara Puerta

Xuxa nos salve do Apocaliptico Aquecimento Global!

Sabe o que ouvi essa semana na "bolha" que trabalho. Isso, de uma pessoa com MBA e tudo...
"Precisamos ficar espertos. Antes nós tinhamos as pestes e as pragas para dizimar a população. Em breve, ficaremos reféns dessa multidão pouco favorecida. Por isso, vamos incentivar o esporte." Ah! Essas ONGS de vazinhos. HIPOCRISIA!!!!Quanto vale ou é por Kg! Miséria S.A!!!!