Intercedam por eles
Deu domingo no Estado de S .Paulo: “Chineses buscam noivos para os filhos” (caderno Internacional; 04/02/07)
Da época dos casamentos arranjados pelos pais com envolvimento de “dote” (leia-se $$$$) -que não faz muito tempo- até a revolução dos relacionamentos virtuais pela internet, a propaganda é a alma do negócio, ou melhor, do namoro, casamento.
Não. Isso não é um texto de comportamento sobre “Como conquistar alguém” ou ainda, “Seja confiante e vença no amor”. Eu me recusaria a usar esse espaço para auto-ajuda e dar conselhos, ainda mais porque essas coisas só servem para deixar as pessoas mais egocêntricas e quem sou eu pra falar disso.
Bom. Mas, isso é uma teoria minha e que um dia eu conto o fato que me levou a pensar assim, e desde então, me livrar do lema “ Ame-se a si mesmo”.
A questão é que o artigo do Estado me chamou a atenção, porque os pais dos chineses (e chinesas também) de trinta e poucos anos vão aos domingos em um dos parques mais famosos de Pequim (como um Ibirapuera), com uma caixa de sapato com informações e fotos dos filhos, com a intenção de mostrar o quanto interessante e atrativos eles são.
Alguns são mais independentes e se aventuram sozinhos na busca por companhia. Já os chineses que não vão se exibir de corpo presente com cara e coragem, não o fazem, porque falta tempo, trabalham e estudam demais. Assim, os pais preocupados de verem seus filhos encalhados, procuram genros e noras à altura da suas crias.
Claro que algumas características têm que ser “camufladas”. Como o caso do pai que não conta sobre o mestrado da filha na Universidade da Califórnia, pois a maioria dos homens ali não aceitaria uma mulher com tanta formação. Ou históricos de internação em sanatório, prisão, uso de drogas, também não são bem aceitos. Devem ser omitidos.
Pra mim fica aqui a impressão do quanto os tempos modernos, do excesso de trabalho e da intensa busca pela praticidade, afetaram as relações humanas. Lógico que mandar o pai buscar é mais fácil.
Não dá para generalizar e ser fatalista em acreditar que será assim daqui pra frente, mas é estranho.
Imagine um pai trazer para a filha de presente um marido
“- Filha, olha o que trouxe pra você!”
Ou ainda, os rótulos colocados nas pessoas para torná-las interessantes “- Essa é minha filha. Ela tem 30 anos e é professora. Sabe lavar e passar também. É muito honesta e sensível. Quer casar com ela?”
E para mim, que considero auto-apresentações algo extremamente chato e difícil, não consigo entender esse mecanismo de promoção.
Eu realmente não consigo fazer isso e das vezes que me descrevi tive a sensação que não fui 100% honesta, pois eu não quis assustar os novos colegas de classe ou meu chefe. Vejo eufemismos demais nas descrições, e acredito que elas rendem longas análises antropológicas, psicológicas (senão psiquiátricas). Pois, pode ter certeza que ela varia conforme as motivações. E, acredito eu, que o ser humano se revela nas horas difíceis, quando lhe é necessitado verdade e força. Como já dizia Maquiavel: quer conhecer o caráter de uma pessoa? Deixe que ele ache que tenha poder, que sinta-se importante!
- Oi! Eu sou a Sara. Sou chata pra c****!
Da época dos casamentos arranjados pelos pais com envolvimento de “dote” (leia-se $$$$) -que não faz muito tempo- até a revolução dos relacionamentos virtuais pela internet, a propaganda é a alma do negócio, ou melhor, do namoro, casamento.
Não. Isso não é um texto de comportamento sobre “Como conquistar alguém” ou ainda, “Seja confiante e vença no amor”. Eu me recusaria a usar esse espaço para auto-ajuda e dar conselhos, ainda mais porque essas coisas só servem para deixar as pessoas mais egocêntricas e quem sou eu pra falar disso.
Bom. Mas, isso é uma teoria minha e que um dia eu conto o fato que me levou a pensar assim, e desde então, me livrar do lema “ Ame-se a si mesmo”.
A questão é que o artigo do Estado me chamou a atenção, porque os pais dos chineses (e chinesas também) de trinta e poucos anos vão aos domingos em um dos parques mais famosos de Pequim (como um Ibirapuera), com uma caixa de sapato com informações e fotos dos filhos, com a intenção de mostrar o quanto interessante e atrativos eles são.
Alguns são mais independentes e se aventuram sozinhos na busca por companhia. Já os chineses que não vão se exibir de corpo presente com cara e coragem, não o fazem, porque falta tempo, trabalham e estudam demais. Assim, os pais preocupados de verem seus filhos encalhados, procuram genros e noras à altura da suas crias.
Claro que algumas características têm que ser “camufladas”. Como o caso do pai que não conta sobre o mestrado da filha na Universidade da Califórnia, pois a maioria dos homens ali não aceitaria uma mulher com tanta formação. Ou históricos de internação em sanatório, prisão, uso de drogas, também não são bem aceitos. Devem ser omitidos.
Pra mim fica aqui a impressão do quanto os tempos modernos, do excesso de trabalho e da intensa busca pela praticidade, afetaram as relações humanas. Lógico que mandar o pai buscar é mais fácil.
Não dá para generalizar e ser fatalista em acreditar que será assim daqui pra frente, mas é estranho.
Imagine um pai trazer para a filha de presente um marido
“- Filha, olha o que trouxe pra você!”
Ou ainda, os rótulos colocados nas pessoas para torná-las interessantes “- Essa é minha filha. Ela tem 30 anos e é professora. Sabe lavar e passar também. É muito honesta e sensível. Quer casar com ela?”
E para mim, que considero auto-apresentações algo extremamente chato e difícil, não consigo entender esse mecanismo de promoção.
Eu realmente não consigo fazer isso e das vezes que me descrevi tive a sensação que não fui 100% honesta, pois eu não quis assustar os novos colegas de classe ou meu chefe. Vejo eufemismos demais nas descrições, e acredito que elas rendem longas análises antropológicas, psicológicas (senão psiquiátricas). Pois, pode ter certeza que ela varia conforme as motivações. E, acredito eu, que o ser humano se revela nas horas difíceis, quando lhe é necessitado verdade e força. Como já dizia Maquiavel: quer conhecer o caráter de uma pessoa? Deixe que ele ache que tenha poder, que sinta-se importante!
- Oi! Eu sou a Sara. Sou chata pra c****!
1 Comments:
só posso afirmar que cada vez que alguém se descreve, a auto-crítica pára quando os valores podem ser julgados pela sociedade em qualquer lugar do mundo...quem nunca teve uma tia, uma vizinha, uma amiga ou até uma mãe que fizesse seu marketing pessoal? poucas são as pessoas sinceras, que assumem também suas falhas, limites, seus medos...ter alma de artista...não fingir para ser aceito...e tanto é que nunca conhecemos uma pessoa totalmente.
sara, parabéns pela coluna...não foi chata, teve conteúdo.
caráter nasce com a gente, não se molda escrúpulos
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