O escorpião e a vida (divagando)
Luís Pereira
Uma talagada no drink e alguns tragos no cigarro: a vida.
Sei que a vida toda fui um pouco avoado. Às vezes até demais. Mesmo consciente disso, sempre gostei de manter a cabeça aberta. Sinto-me bem desbravando horizontes, sonhando com situações impossíveis, fantasiando, deslumbrando.
A imaginação pode ser como a ficção científica, capaz de nos fazer viajar no tempo, ir para outros planetas e mundos, encontrar com seres extraterrestres, conversar com robôs e ressuscitar dinossauros.
Em um dos sonhos mais fascinantes, poderia ter me tornado um astronauta, viajado até a Lua, passado meses em uma estação espacial e ter sido o primeiro homem a pisar em Marte - e, ainda assim, não teria ido tão longe.
Mas em que ponto os pés devem estar no chão, pisando no mesmo chão onde pés suaram e pés sangraram? Em que ponto os pés devem estar pisando no mesmo chão onde pés foram explodidos e mutilados por minas colocadas por homens com os mesmos pés que os pés que ali pisaram?
No ponto em que a “realidade” da sociedade tenta nos domar, nos usar como tijolos na parede de uma construção sem pé nem cabeça, que ninguém sabe onde vai dar e nem como vai ficar – uma verdadeira obra faraônica a Deus dará.
Já criei teorias sobre o ser humano e cheguei a classificá-lo de egoísta, acreditando que a fonte inesgotável da sua existência fosse o próprio ego. Hoje, por vezes me pego a pensar que, com essa teoria, superestimei a raça, lhe atribuí mais inteligência e dei mais crédito a 10% de cérebro. Uma expressão comentada por uma amiga não sai da cabeça: “animal homem”.
Assusta-me a falta de capacidade de percepção dos homens, como notar que somos, de certa forma, todos iguais, filhos do mesmo planeta e que habitamos o mesmo espaço. Entretanto, compreender também que, em outro ponto de vista, somos diferentes – no que diz respeito ao interior, à peculiaridade, aos desejos, gostos e vontades.
No jogo da vida, esse paradoxo nos leva a uma sinuca de bico: somos irmãos, vivemos no mesmo planeta, mas temos diferentes facetas. E, dessa forma, através de contra-sensos criamos impasses, como Deus ou Alá? Socialista ou capitalista? Libertino ou puro? Agitado ou tranqüilo? Noturno ou diurno? Sonhador ou realista?
Na verdade, a nossa escolha pouco importa, porque estamos vivendo dentro de moldes e rótulos que a sociedade insiste em nos impor, mesmo tendo criado muitas de suas certezas a partir de crenças. Perdemos a essência de simplesmente viver, pois não temos a oportunidade de experimentar e saborear uma vida desprovida de regras e valores.
E não a temos por nossa própria incompetência como animais. Animais que, livres ou conduzidos por leis, são incapazes de respeitar e amar o próximo.
Uma talagada no drink e alguns tragos no cigarro: a vida.
Sei que a vida toda fui um pouco avoado. Às vezes até demais. Mesmo consciente disso, sempre gostei de manter a cabeça aberta. Sinto-me bem desbravando horizontes, sonhando com situações impossíveis, fantasiando, deslumbrando.
A imaginação pode ser como a ficção científica, capaz de nos fazer viajar no tempo, ir para outros planetas e mundos, encontrar com seres extraterrestres, conversar com robôs e ressuscitar dinossauros.
Em um dos sonhos mais fascinantes, poderia ter me tornado um astronauta, viajado até a Lua, passado meses em uma estação espacial e ter sido o primeiro homem a pisar em Marte - e, ainda assim, não teria ido tão longe.
Mas em que ponto os pés devem estar no chão, pisando no mesmo chão onde pés suaram e pés sangraram? Em que ponto os pés devem estar pisando no mesmo chão onde pés foram explodidos e mutilados por minas colocadas por homens com os mesmos pés que os pés que ali pisaram?
No ponto em que a “realidade” da sociedade tenta nos domar, nos usar como tijolos na parede de uma construção sem pé nem cabeça, que ninguém sabe onde vai dar e nem como vai ficar – uma verdadeira obra faraônica a Deus dará.
Já criei teorias sobre o ser humano e cheguei a classificá-lo de egoísta, acreditando que a fonte inesgotável da sua existência fosse o próprio ego. Hoje, por vezes me pego a pensar que, com essa teoria, superestimei a raça, lhe atribuí mais inteligência e dei mais crédito a 10% de cérebro. Uma expressão comentada por uma amiga não sai da cabeça: “animal homem”.
Assusta-me a falta de capacidade de percepção dos homens, como notar que somos, de certa forma, todos iguais, filhos do mesmo planeta e que habitamos o mesmo espaço. Entretanto, compreender também que, em outro ponto de vista, somos diferentes – no que diz respeito ao interior, à peculiaridade, aos desejos, gostos e vontades.
No jogo da vida, esse paradoxo nos leva a uma sinuca de bico: somos irmãos, vivemos no mesmo planeta, mas temos diferentes facetas. E, dessa forma, através de contra-sensos criamos impasses, como Deus ou Alá? Socialista ou capitalista? Libertino ou puro? Agitado ou tranqüilo? Noturno ou diurno? Sonhador ou realista?
Na verdade, a nossa escolha pouco importa, porque estamos vivendo dentro de moldes e rótulos que a sociedade insiste em nos impor, mesmo tendo criado muitas de suas certezas a partir de crenças. Perdemos a essência de simplesmente viver, pois não temos a oportunidade de experimentar e saborear uma vida desprovida de regras e valores.
E não a temos por nossa própria incompetência como animais. Animais que, livres ou conduzidos por leis, são incapazes de respeitar e amar o próximo.
8 Comments:
Belo texto.
Reflexões sobre a vida... de uma forma bem "Tom" de divagar. Adorei! Entre todos os seus textos que já li, acho que esse é o que mais expressa vc.
Resurge aqui o profeta, vindo de lá...
Pense bem! Pense se é certo, devorar a terra até que ela se transofrme em um deserto....Quando vejo a humanidade de pé, percebo, estamos sem calços. Guerras, armas de destruição em massa, ninguém vê, somos os alvos.
E agora segue a rima, que pra mim, configura entre as 3 mais elevadas da crônica cotidiana:
"É fácil dar amor para quem quer ser amado, difícil é amar incondicionalmente os conturbados, de espíritos opacos, que preferem ser rejeitados. Por isso, ame Bush, ame o Osama, pobres, fracos, ame os brancos, os indios, os negros, ame os pardos."
Poderia ler esse texto em qualquer outro lugar, que a sombra negra na cara, viria em minha cabeça.
Pra variar, achei o texto insano!
Forte abraço,
do salvador dos rolês, outrora no grande abc.
Deus te abençoe! Porque Alá já te abraçou......
Do caralho!
É o que disseram, bem a sua cara (preta)!
Adooooorei!!! Uma vez li um livro que se chama O Gene egoísta. Mostra que todos os seres nascem já um pouco egoístas, se quiser te empresto depois. Adorei, como todos já falaram, bem a sua cara esse.
beijo
Mari
Sonhar, sonhar: com uma realidade paralela e com a melhora dos homens...
Viver, viver: pra mim, só há um jeito de andar: com um pé nas nuvens e outro no chão.
E eu com meu humilde comentário...
gostei, apesar de estar um pouco amarga...o texto é perfeito, só não perdi a fé na humanidade...parabéns por expressar-se tão bem...de sonhador e louco, todo mundo tem um pouco
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