Entrevista: Silvio Meira – Uma pergunta para várias respostas.
João Prado
Há mais de uma década vivemos com a internet. Nesse tempo, parece que ela nunca esteve tão perto e ao mesmo tempo tão longe do alcance dos brasileiros. Somos não em proporção – número de pessoas que vivem no país e que estão conectadas -, mas estamos sim entre as comunidades virtuais do mundo que mais acessam e se interessam pelas novidades da rede, como YouTube, Orkut, Myspace, blogs, fotologs, e por ai vai.
Problema: pesquisa publicada pelo Comitê Gestor da Internet, no final de 2006, (pesquisa séria, pra valer!), estima que 54 % dos brasileiros (leia-se: mais da metade pobre do país), nunca tiveram qualquer contato com um computador. São na maioria jovens, longe do mundo livre/sa e conectado, que ficam privados do que poderia ser o espaço que eles nunca tiveram. Digo com a firmeza de quem não é especialista e opina sobre tudo: A internet pode SIM dar mais do que acesso digital. Pode ser uma importante ferramenta para a transformação pessoal dos jovens periféricos, como auxílio na educação de quem nunca teve acesso a uma biblioteca ou uma universidade.
No rastro desse problema, e da minha parte, sabendo apenas perguntar, fui atrás de Silvio Meira, cientista chefe do centro de estudos e sistemas avançados do Recife (CESAR), além de especialista em internet e caos da informação, para conseguir respostas que atendam a questão da inclusão, seja digital ou social, tanto faz.
Foram cerca de 30 ligações, e muitas risadas com a secretária do homem – “Olá, quem ta falando é Silvio Meira. Estou em uma puta festa e não atendo de jeito nenhum... (som eletrônico de fundo)”.
O resultado é pouco, mas é esse ai:
Qual o caminho para a inclusão digital no Brasil?
(respira como quem dá tempo pra pensar)... Políticas públicas. Países pobres precisam de políticas públicas. Essa é a boa notícia! A boa notícia também é que países ricos também precisam de políticas públicas. Se você olhar as políticas públicas de países como a Suécia, você irá ver que a prefeitura de Estocolmo, que é uma das cidades mais ricas do mundo, descobriu que se ela deixasse a inclusão digital por conta das operadoras de telefonia, mais de 50% das casas não teriam internet com banda larga, que é o segredo de tudo. A prefeitura resolveu que todas as casas teriam que ter internet com banda larga, por que ela é essencial para a educação e mais um bocado de coisas. Então, se a Suécia tem necessidade de políticas públicas, você imagina no Brasil, com a nossa extensão territorial?
A criação de espaços públicos, bem conectados, que sejam absorvidos pelas populações mais carentes, e que esses espaços sejam propriedades das pessoas, administradas coletivamente, é absolutamente fundamental para se ter um processo de inclusão digital em qualquer país. Por aqui, a quantidade de pessoas que podem ter um computador com banda larga está começando a bater no teto. Estamos perigosamente chegando a um ponto, que não evoluiremos mais nesse sentido. O importante é junto com a inclusão digital, a inclusão econômica. Caso contrário, nós não vamos muito longe não.
Temos que atacar o problema, como uma ação que combata uma epidemia. Não da é para ficar brincando de inclusão, com os ministérios do governo fazendo um pouco, o senado outro pouco. Tem que haver um verdadeiro ataque sincronizado, com plano a curto e a longo prazo.
Há mais de uma década vivemos com a internet. Nesse tempo, parece que ela nunca esteve tão perto e ao mesmo tempo tão longe do alcance dos brasileiros. Somos não em proporção – número de pessoas que vivem no país e que estão conectadas -, mas estamos sim entre as comunidades virtuais do mundo que mais acessam e se interessam pelas novidades da rede, como YouTube, Orkut, Myspace, blogs, fotologs, e por ai vai.
Problema: pesquisa publicada pelo Comitê Gestor da Internet, no final de 2006, (pesquisa séria, pra valer!), estima que 54 % dos brasileiros (leia-se: mais da metade pobre do país), nunca tiveram qualquer contato com um computador. São na maioria jovens, longe do mundo livre/sa e conectado, que ficam privados do que poderia ser o espaço que eles nunca tiveram. Digo com a firmeza de quem não é especialista e opina sobre tudo: A internet pode SIM dar mais do que acesso digital. Pode ser uma importante ferramenta para a transformação pessoal dos jovens periféricos, como auxílio na educação de quem nunca teve acesso a uma biblioteca ou uma universidade.
No rastro desse problema, e da minha parte, sabendo apenas perguntar, fui atrás de Silvio Meira, cientista chefe do centro de estudos e sistemas avançados do Recife (CESAR), além de especialista em internet e caos da informação, para conseguir respostas que atendam a questão da inclusão, seja digital ou social, tanto faz.
Foram cerca de 30 ligações, e muitas risadas com a secretária do homem – “Olá, quem ta falando é Silvio Meira. Estou em uma puta festa e não atendo de jeito nenhum... (som eletrônico de fundo)”.
O resultado é pouco, mas é esse ai:
Qual o caminho para a inclusão digital no Brasil?
(respira como quem dá tempo pra pensar)... Políticas públicas. Países pobres precisam de políticas públicas. Essa é a boa notícia! A boa notícia também é que países ricos também precisam de políticas públicas. Se você olhar as políticas públicas de países como a Suécia, você irá ver que a prefeitura de Estocolmo, que é uma das cidades mais ricas do mundo, descobriu que se ela deixasse a inclusão digital por conta das operadoras de telefonia, mais de 50% das casas não teriam internet com banda larga, que é o segredo de tudo. A prefeitura resolveu que todas as casas teriam que ter internet com banda larga, por que ela é essencial para a educação e mais um bocado de coisas. Então, se a Suécia tem necessidade de políticas públicas, você imagina no Brasil, com a nossa extensão territorial?
A criação de espaços públicos, bem conectados, que sejam absorvidos pelas populações mais carentes, e que esses espaços sejam propriedades das pessoas, administradas coletivamente, é absolutamente fundamental para se ter um processo de inclusão digital em qualquer país. Por aqui, a quantidade de pessoas que podem ter um computador com banda larga está começando a bater no teto. Estamos perigosamente chegando a um ponto, que não evoluiremos mais nesse sentido. O importante é junto com a inclusão digital, a inclusão econômica. Caso contrário, nós não vamos muito longe não.
Temos que atacar o problema, como uma ação que combata uma epidemia. Não da é para ficar brincando de inclusão, com os ministérios do governo fazendo um pouco, o senado outro pouco. Tem que haver um verdadeiro ataque sincronizado, com plano a curto e a longo prazo.
3 Comments:
Bem legal, Jony.
Peguei o link do blog dele com uma amiga que trampa no César, pra quem quiser acompanhar o trampo do cara mais de perto: http://blog.meira.com/
[ ]s
Vale a visita mesmo, cinza!
Bom!
Gosto daqueles que vão atrás do que escrevem, vide o editorial da Super Interessante deste mês, uma crítica ao jornalismo Bunda-mole. Quem ganha no conceito é aquele que corre atrás das suas fontes, não os zé-ruelas que vagam entre uma mesa e outra do escritório e escrevem com o tal "conhecimento de causa".
Coerente pra quem, afinal de contas, era o excluído do mundo digital e hoje escreve sobre tecnologia. Amplia os horizontes, muito além das árvores que cobrem os montes.
Inclusão digital necessária, urgente. Mas como eu ouvi certo dia desses: "Não se esqueçam que, pelo mundo virtual, nunca se sabe qual é a cara, o humor, o tom, enfim, a intenção." Valorizo ainda o cadeira, a mesa de ferro e cheiro azedo do bar, budego, budeguin, sujo e ainda bem, com cerveja a la Cú-da-foca. Gelada pra caralho.
Portanto, sem confundir as bolas, a inclusão digital se faz, cada vez mais, necessária, mas sexo, me desculpem aqueles com pelo na mão, só lá em casa.
Sexta tem mais, o Sol ainda brilha no ambiente antártico. RSVP via e-mail.
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