Efeitos colaterais e xerulaines
Daniel Boa Nova
Não me proponho a falar a respeito da tragédia da semana aqui e agora. Admito a falta de argumentos para escrever algo consistente uma vez que fiquei horrorizado. E, ao mesmo tempo, o filme “Ônibus 174” não me sai da cabeça.
Mas foi algo diferente abrir o Estadão de ontem e encontrar a notícia de que “Cabral quer discutir legalização das drogas”. O governador do Rio, em seminário sobre segurança na Federação do Comércio, afirmou que a repressão às drogas “está matando muita gente no Terceiro Mundo” e que o Brasil deve forçar o ”Primeiro Mundo” a rediscutir a legalização – para quem é assinante do UOL, a notícia e o contexto estão aqui e, no momento, não estou discutindo redução de maioridade penal. O fato é que nunca vi um membro do Executivo brasileiro fazer uma declaração tão afirmativa sobre o tema.
Permita-me dizer algo sobre as drogas: sua dependência é um problema de saúde pública e, como tal, atinge qualquer religião ou classe social. Você não deve prender um adicto, você deve tratá-lo quando um clínico julgar necessário – são vários os níveis de dependência. A proibição da venda de drogas ocasiona a corrupção policial e o comércio clandestino, oferta que supre a demanda tal e qual a lei de Adam Smith. Assim como qualquer empresa compete, no terreno da ilegalidade surge a guerra. Aquela que só é lembrada quando uma bala perdida encontra seu alvo no asfalto.
Alguém de tal hierarquia fazer uma declaração sobre o tema e um veículo de comunicação desse porte abrir espaço indicam, talvez, o retorno ao debate. Algo mais que urgente em tempos de desmoralização do poder público e crescimento do crime organizado.
Daí que foi virar a página do caderno Cidades e dar de cara com a ironia: “PCC fez festa de fim de ano com drogas”. A reportagem era sobre o vídeo que, se você não viu, veja aqui.
(Parêntese: a afirmação do promotor no vídeo está correta: as organizações criminosas não suprem as necessidades do Estado. Resta apenas saber se o Estado as supre).
Não que eu ache bonito, só não me venha com essa de que é coisa do outro mundo. “Adolescentes dançam com garrafas de cerveja na mão”. Qualquer semelhança com uma micareta da FAAP não é mera coincidência. Ou, sei lá, com as baladinhas da galera bonita da tecnera. Uhú, moleque!
A grande verdade é que muitos temem a legalização das drogas por lucrarem com a proibição ou por mascararem com moralismo um pensamento típico de direita, típico de quem acha que merece privilégios e salas VIP, pensamento esse que foi inclusive refletido em alguns comentários no YouTube. O de que quem pode se ab$olve e quem não pode que passe por situações como essa e essa.
Não me proponho a falar a respeito da tragédia da semana aqui e agora. Admito a falta de argumentos para escrever algo consistente uma vez que fiquei horrorizado. E, ao mesmo tempo, o filme “Ônibus 174” não me sai da cabeça.
Mas foi algo diferente abrir o Estadão de ontem e encontrar a notícia de que “Cabral quer discutir legalização das drogas”. O governador do Rio, em seminário sobre segurança na Federação do Comércio, afirmou que a repressão às drogas “está matando muita gente no Terceiro Mundo” e que o Brasil deve forçar o ”Primeiro Mundo” a rediscutir a legalização – para quem é assinante do UOL, a notícia e o contexto estão aqui e, no momento, não estou discutindo redução de maioridade penal. O fato é que nunca vi um membro do Executivo brasileiro fazer uma declaração tão afirmativa sobre o tema.
Permita-me dizer algo sobre as drogas: sua dependência é um problema de saúde pública e, como tal, atinge qualquer religião ou classe social. Você não deve prender um adicto, você deve tratá-lo quando um clínico julgar necessário – são vários os níveis de dependência. A proibição da venda de drogas ocasiona a corrupção policial e o comércio clandestino, oferta que supre a demanda tal e qual a lei de Adam Smith. Assim como qualquer empresa compete, no terreno da ilegalidade surge a guerra. Aquela que só é lembrada quando uma bala perdida encontra seu alvo no asfalto.
Alguém de tal hierarquia fazer uma declaração sobre o tema e um veículo de comunicação desse porte abrir espaço indicam, talvez, o retorno ao debate. Algo mais que urgente em tempos de desmoralização do poder público e crescimento do crime organizado.
Daí que foi virar a página do caderno Cidades e dar de cara com a ironia: “PCC fez festa de fim de ano com drogas”. A reportagem era sobre o vídeo que, se você não viu, veja aqui.
(Parêntese: a afirmação do promotor no vídeo está correta: as organizações criminosas não suprem as necessidades do Estado. Resta apenas saber se o Estado as supre).
Não que eu ache bonito, só não me venha com essa de que é coisa do outro mundo. “Adolescentes dançam com garrafas de cerveja na mão”. Qualquer semelhança com uma micareta da FAAP não é mera coincidência. Ou, sei lá, com as baladinhas da galera bonita da tecnera. Uhú, moleque!
A grande verdade é que muitos temem a legalização das drogas por lucrarem com a proibição ou por mascararem com moralismo um pensamento típico de direita, típico de quem acha que merece privilégios e salas VIP, pensamento esse que foi inclusive refletido em alguns comentários no YouTube. O de que quem pode se ab$olve e quem não pode que passe por situações como essa e essa.
1 Comments:
Belo texto e ótima reflexão! o tiro foi certeiro, cinza!
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