Ponto Jor

quarta-feira, janeiro 17, 2007

O ofício de despachante doméstico

Daniel Boa Nova

No final do ano passado - thanx god! - tirei uma semana. Há quase 02 anos que eu não tinha tanto tempo livre. Dezembro, sol, verão, vamos a la playa? Mas que nada: é hora de botar a casa em ordem.

Fazia alguns dias, eu preparava o espírito para a tarefa supostamente simples que é se desvincular de um prestador de serviços. Sei bem quanto mede meu pavio e uma boa dose de paciência teria de ser gasta nisso. Primeira parada: Telefonica.

Liguei no 10315 e segui cada passo até ouvir uma voz humana. Que eu não tinha certeza se era o departamento correto mas o intuito era cancelar a assinatura da linha e se não seria possível me transferir para a pessoa indicada, por gentileza. Alguns minutos de “Let´s Get it On” e outra voz. Não, você não está entendendo: me mudo em 15 dias e, infelizmente, vocês não atendem onde estarei morando. Uma carta de próprio punho esclarecendo? Perfeitamente. Fiz na mesma hora. E ainda dei sorte: pesquisando o cep descobri que a caixa postal ficava na mesma agência onde eu postaria.

A missão seguinte era cancelar o Terra. Fácil. Primeira ligação e logrei êxito. Só um pequeno problema: enquanto o Speedy dependeria da chegada de minha carta para iniciar qualquer procedimento, o Terra cortou o acesso no ato. É claro que eu viria a pagar o mês inteiro, mas enfim, o erro de cálculo foi meu. Liguei para o representante da Net na sequência, só que os técnicos viriam apenas na sexta e ainda era terça. Passar uns dias sem conexão com a semana livre? Problema algum. Saí na rua com a carta em uma mão e a calça para o tintureiro na outra. Já disse que tinha que botar a casa em ordem?

Ainda era dia e fui parar no Shopping Eldorado. Dizia o site que eu ganharia um celular de graça no plano que eu queria e a loja da Claro era ali. Bastante movimento e sabe aquelas maquininhas de tirar senha? Então, tinha uma funcionária encarregada de entregar o papel para quem chegasse. Queria me servir sozinho, mas fui logo abordado: estou aqui para comprar celular e me tornar cliente, ok?

Ganhei uma senha diferenciada. Esperei um tanto dentro dos limites do possível e percebi que o anúncio de minha senha despertou a fúria em quem já esperava além do suportável. A situação criava uma péssima impressão sobre o tratamento que eu viria a receber uma vez fisgado, mas no momento o problema não era meu. Saí com o celular no bolso e uma nova conta por vir.

Saldo final: passei do fixo para o pós-pago, do Speedy para o Virtua, da TV aberta para a cabo. Na ponta do lápis a conta é a mesma só que com mais qualidade de vida. Isso ao custo de um dia livre, coisa rara para o trabalhador comum – muito embora a insatisfação com os serviços que nos prestam seja quase onipresente. Claramente, existe toda uma demanda não-explorada e um mercado em potencial.

Alguém quer contratar meus serviços?