Ponto Jor

terça-feira, julho 31, 2007

Anta após anta

Luis Pereira

Mais uma vez, nesse espaço, me vejo na obrigação de começar um texto com um ditado popular: errar é humano. Persistir no erro é burrice.

Não que eu acredite que provérbios constituem máximas incontestáveis. Claro que, na vida, é sempre bom carregar consigo certos axiomas. Mas, nesse caso, o próprio adágio possui diferentes versões na boca do povo, como: errar é humano. Persistir no erro é mais humano ainda. Ou, até mesmo, o famoso: errar é humano. Persistir no erro é americano.

Entretanto, a verdade é que, mesmo sabendo que opinião em massa é burra e que uma máxima breve popular pode não ser absoluta e concludente, é sempre bom parar e refletir sobre elas. Hoje mesmo, crio uma nova ramificação para o anexim do erro: errar é humano. Persistir no erro é inglês.

Justifico minha inspiração "luso-britânica" devido às infelizes declarações do novo premiê da Inglaterra, Gordon Brown. Acompanhado de jornalistas em seu avião rumo à sua primeira visita aos americanos do norte, Brown afirmou que o “mundo está em dívida com os EUA pela liderança na luta contra o terrorismo”.

E mais: declarou ser um grande admirador do espírito americano e, como primeiro-ministro, pretende estreitar ainda mais a relação da Inglaterra com os EUA.

Segundo nota publicada no jornal Folha de São Paulo, “Brown pode ter surpreendido muitos analistas, que esperavam do premiê uma postura diferente da de Tony Blair, que sempre concordava com George W. Bush”.

E num discurso tão burro quanto demagogo, Brown disparou: “neste século, caiu sobre os EUA o papel principal. Eles têm mostrado, por meio da valentia de seu povo desde o 11 de Setembro, que, enquanto prédios podem ser destruídos, valores são indestrutíveis”.

Para não ficar só na crítica, procuro lembrar que o terrorismo não é um problema isolado, como uma briga fictícia entre bonzinhos e vilões. É um problema complexo em que, de fato e como visto, a solução não é a intervenção abrupta de culturas e muito menos a dizimação de raças.

Só espero que erros como esse não persistam em ocorrer.

2 Comments:

Blogger João Prado said...

Gordon, a mais pura tradução da anta erudita. "seja anta, apoie Gordon"!

13:41  
Blogger Mari said...

adorei o texto!

13:46  

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