Ponto Jor

quarta-feira, setembro 26, 2007

Com a palavra, o mano.

Daniel Boa Nova

A notícia pipocou clique a clique e boca a boca na semana passada. No centro do Roda Viva da última segunda-feira estaria o cantor de rap Mano Brown.

Você assistiu? Uma resenha do que foi, com opinião, saiu no UOL.

Ao meu ver, talvez pelo fato dos Racionais adotarem uma postura anti-mídia, ficou latente como parte da imprensa não sabe lidar com o figura em questão. Entre os entrevistadores, poucos conseguiram estabelecer um diálogo com Brown. Uma porção de perguntas vagas, que não distinguiam o que é o músico do que é o cidadão; o que representa sua arte da conduta que segue. Era visível que conheciam o mito, mas não a obra.

Nas entrelinhas, um tal de querer jogar sobre as costas do sujeito responsabilidades que na verdade são coletivas, públicas. Foi o caso de José Nêumanne, do Jornal da Tarde, que, em uma daquelas perguntas do tipo “eu acho isso, você não concorda comigo?”, tomou uma oreiada do Mano. Queria apontar quem é o verdadeiro herói brasileiro – segundo ele, diferente do retratado em algumas letras dos Racionais.

De Mano Brown, seria esperar demais que desse opiniões e argumentos fundamentados sobre Lula, o MST e o Brasil como um todo. Ou querem fazer dele uma espécie de Caetano suburbano?

Trata-se de um cara comum, de pele escura e origem pobre, que tem o saber baseado mais nas vivências que no estudo. Que conseguiu ascender graças ao rap, um em um milhão. Inteligente e com uma capacidade única de descrever o cotidiano dos seus em rimas. O que faz dele um dos melhores MC´s do país, mas não um Antônio Conselheiro.

Se os entrevistadores partissem desse princípio, quem sabe, o programa (que registrou sua maior audiência no ano) não teria sido tão frustrante.

3 Comments:

Blogger João Prado said...

Falou e disse (ponto) Tenho que admitir: fiquei constrangido com certas perguntas

Considero o Brown o melhor letrista do país (ponto) Considerava a palavra dele lei da periferia (ponto) Mas ele não tem a responsabilidade de se assumir como líder ou herói pq o povo (jornalistas) pede (ponto)

15:05  
Blogger Luís Pereira said...

Charlito, eu assisti também e concordo plenamente com você. Os caras quiseram ainda dá uma tirada nele perguntando sobre estudos e talz. Deprimente! Eu achei uma bosta. Podiam ter explorado de uma forma realmente interessante, mas peidaram.

17:50  
Anonymous Anônimo said...

porra! Eu perdi!

Queria ter visto...

Puta texto firmeza! Mano, cade seu MTB??? Mano, cadê a sua coluna diária no jornal?? Mano, cade o seu livro??

Demorô!!! Abraço

Orlino

12:08  

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