Ponto Jor

quinta-feira, setembro 20, 2007

O sonho não acabou

Daniel Consani

Ainda que tentasse se livrar daquele pensamento horrendo, Marcos não conseguia deixar de considerar que sua esposa talvez estivesse gostando, mesmo que de modo mórbido ou bizarro, de ser estuprada por dois assaltantes dentro da loja de conveniência do único posto de gasolina da cidade. Lembrou-se que ela havia mencionado, mais de dois anos atrás, quando conversavam deitados em um quarto de motel, que tinha vontade de transar com dois homens; o riso que seguiu a afirmação (“Estou brincando”) não serviu para que ele a esquecesse.

E enquanto via os braços retesados de Priscila segurando os pés do refrigerador que estampava o slogan “Viva o que é bom” bem abaixo das letras inconfundíveis da Coca-Cola com as pernas flexionadas e o menor dos assaltantes com o rosto enfiado em seu pescoço soltando suspiros ruidosos, Marcos sentiu uma lágrima escorrer em seu rosto vermelho. Olhou para baixo e viu a gotícula se transformar em uma pequena mancha escura em seu sapato de camurça. Tinhas as mãos amarradas atrás de si. Pensou em se atirar em direção aos dois assaltantes. Poderia desferir alguns chutes, mas de certo acabaria com uma bala calibre .22 enfiada em seu crânio. Tentava desviar o olhar daquela cena grotesca, mas era o som que sua esposa emitia que o dissimulava ainda mais. Viu um jornal exposto próximo ao caixa da loja de conveniência. “Renan absolvido”, gritava a publicação.

Foi quando resolveu sair correndo para fora daquele lugar, em direção a rodovia, e se deixou atropelar por um trucado carregado de peças de carne bovina.

Estava sonhando apenas. Mas ainda não acordou.

4 Comments:

Blogger Luís Pereira said...

Nossa, mano. Pirei!

14:29  
Blogger João Prado said...

Tapa na cara? caralha... doeu!

Belo golpe, Consani!

15:51  
Blogger João Prado said...

Tapa na cara? caralha... doeu!

Belo golpe, Consani!

15:51  
Anonymous Anônimo said...

q issoooooooo? mano qse entrei na tela do micro pra ajudar o mano lá...!!
ia tirar todos dentes da boca deles um por um e regar com caldo de ferro enferrujado...depois de duas semanas, ia ferver um oleo e jogar no couro cabeludo dos caras!!
sem contar com os bambus enfiados debaixo da unha e os choquinhos eletricos com os pézinhos deles molhados, e pelados amarrados de ponta cabeça!! depois ia ver o q ia fazer, fumando um charuto!!
ASS: Friedrich Nietzsche

16:12  

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