Ponto Jor

sexta-feira, setembro 28, 2007

A tropa da opinião

João Prado
Quem ainda não viu Tropa de Elite? (Quase) todo mundo, imagino. O filme dirigido por José Padilha nem foi lançado oficialmente e, num movimento sem precedente na história do cinema brasileiro, vem provocando debates inflamados. Houve quem chamasse, nos jornais, o longa metragem de "fascista", "moralista" e "propaganda da tortura". Também existe a (grande) parcela que gostou da obra e eu me incluo nessa turma.
O causo é: Tropa de Elite conta a história do Bope, o batalhão de operações especiais da polícia militar do Rio de Janeiro. O personagem central da história é o capitão Nascimento, interpretado por Wagner Moura (sensacional!), que utiliza a tortura e o famoso "sangue nos zóio" para comandar seus homens na guerra do tráfico. Incorruptíveis no filme, o Bope seria uma espécie de elite da nefasta polícia militar. Além das cenas de tortura, o filme impressiona pelas boas interpretações, pelos planos de ação, fotografia e, principalmente, por levantar a bola da tríplice do problema polícia-traficantes-consumidores.
Tropa de Elite é, diferente de quem chamou a obra de "moralista", uma boa oportunidade para discutir a legalização das drogas. Não se trata de quem fuma um baseado ou cheira cocaína, mas sim da quantidade de crianças que morre com uma AK-47 na mão. Assim como já sugere o documentário Notícia de uma Guerra Particular, de João Moreira Salles, parte da polícia também é a favor da legalização da venda e consumo de drogas.
Alguém já se perguntou porque a maioria dos políticos do Brasil não tratam a legalização de forma séria?
Pois é essa a questão, de legalizar as drogas, que o filme também levanta. Agora, se tem pessoas que assistiram Tropa de Elite é aplaudem a polícia que entra em uma favela e esculacha e espanca todo mundo, o problema não é a obra e sim a visão e a concepção pessoal de cada um. Quando o capitão Nascimento enche a cara de um garoto com tapas, tem gente que aplaude e tem gente que abomina. É certo culpar o filme? Claro que não.
Tropa de Elite também tem o mérito de trazer a visão da polícia sobre um assunto que está na mesa de toda a família brasileira: a segurança pública. Nunca simpatizei com os "homi", mas desprezar a olhar deles nessa história é burrice ou no mínimo a confissão de que somos uma sociedade que não entende, mas impõe a porra da democracia.
Sobre a obra de Padilha, digo que é um filmaço e merece ser assistido na telona do cinema. Pessoalmente, adoro ver em filmes um sangue e um tiroteio. Pessoalmente, sei que existem opiniões diferentes e são elas que devem brigar e não as pessoas. Pessoalmente, sei separar cinema da realidade e perceber que, no fundo no fundo, quem chama de "moralista" Tropa de Elite, não sabe que o buraco da guerra do tráfico é mais embaixo.
Nota: realidade é outra coisa... nada fácil!

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Real! O filme é foda! Por vários motivos já realcionados no seu texto Jonny e por mais um monte que as vezes passa despercebido em um enredo conhecido e que vende fácil: Drogas+armas+policia+traficante+morro+playboy.

Mas o filme é uma crítica insana a varios outros assuntos. Por exemplo, rico que quer entrar na favela pra fazer programa de consciência e representar uma galera que não quer ser representada, através de Ong´s pra criar tranquilidade na consciencia. Com sede no morro, pra fumá bagulho de graça e trepar num local reservado. Cagueta. Morre. Tim lopes. Muito ajuda quem não atrapalha. Deu merda.

Crítica a estruturação dos batalhões da PM. A paranóia de subir e descer favela pra garantir o sono do FDP do papa.

Em paralelo, o Pan do rio é isso aí. Diminui drasticamente os crimes durante os jogos. Já aumentou o dobro. Cenário pra gringo ver. E o povo continua se fodendo.

agora é moda no Rio. Pergunta pra um moleque de 7 anos o que ela quer ser quando crescer. A pergunta é obvia. Quero ser do BOPE. Puta que sucesso!!! E vc? Quer ser policia ou quer ser ladrão? Vc tem outra opção? Mesmo assim achei foda ver a visão da polícia. Até ontem só viamos a visão do tráfico. O buraco é mais embaixo.

Atuação fudida, edição master, e um puta roteiro envolvente. Pra mim o que fica é a crítica a tudo e a todos. Ninguem sai ileso não. Nem playboy, nem traficante, nem polícia, nem o papa, nem a Ong, nem a faculdade, nem o diretor e nem o roteirista, nem a pirataria, nem o cinema, nem a cupula que escolhe os filmes que devem concorrer ao oscar. Foda!!!!

A propósito, o Sr. é um fanfarrão Jonny. É isto que o senhor é.

14:28  

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