Ponto Jor

sexta-feira, agosto 03, 2007

Personal cambista

João Prado

Domingo passado fui ao estádio do Morumbi com dois amigos, para ver a pelada entre Corinthians e Flamengo. Todos, pelo menos aqui do PontoJor, sabem qual foi o resultado. Valeu depois no final do jogo, como manda a tradição, a cerveja na barraca do pernil – Tia Nélia, salve simpatia, estava divino e nem me deu caganeira no dia seguinte.

Mas o que eu pretendo contar aqui, não é sobre as besteiras que eu e meus brothers falamos e de como ri com todas elas.

É mais ou menos assim. Cheguei atrasado no jogo. 15 minutos já havia se passado do primeiro tempo e, como quase ninguém foi retardado de ir até lá (frio e seu time em péssima fase, serve de pretexto?), consegui estacionar o possante bem próximo do estádio. Não demorou e fui abordado por um guardador de carros, pedindo para que eu deixasse 15 reais com ele. Não me importo em pagar uma pessoa para “olhar o meu carro”, mas me importa querer pagar alguém para olhar o meu carro. Difícil de entender?

O fato é que resolvi seguir a tática quem um amigo me ensinou:

- Ae curintian, deixa o carro pra gente tomá conta
- Tô sem grana e que sabe? Que roubem essa porra! Não tem rádio (mentira), o que não falta é multa (verdade) e ainda recebo uma grana para viajar (totalmente verdade).
- ahahahahahahahhhahahaha
- Faz assim, depois do jogo eu deixo a grana que sobrar do ingresso e da cerveja para você, pode ser?
- Falou curintian, é nóis!

Depois de voltar da baraquinha da Tia Nélia, encontrei o mano dos 15 reais novamente:
- Ae curintian, sobrou algum?
- Taí amigo (cinco reais)
- Deixa eu te fala uma coisa, mano: Sou da responsa e faço um trampo de ‘agente’ aqui. Ingresso, vaga preferencial pros cliente e outras paradas que você quiser. Vendo ingresso para uma porrada de evento aí, sacou? Tó aí o meu cartão.

Nada mal. Estava escrito: Peruche, Ingresso Super Fácil. Football (assim mesmo, em inglês), Carnaval, Fórmula 1, Teatro, Rodeio e Shows em Geral. Telefone (claro que não vou colocar aqui).

Não gosto de cambista, mas odeio a CBF e a Federação Paulista de Futebol (ou organização de show e de qualquer evento) que entregam os ingressos nas mãos deles. Quem é ingênuo de achar que os caras conseguem os ingressos por conta própria?

Mas a coisa que mais me intrigou foi reparar em uma frase no mesmo cartão, impressa em letras miúdas: “Se Deus é por nós, quem será contra nós”.

Lembrei de uma canção burguesa infantil, que provavelmente adorava cantar na pré-escola. “...O Peruche roubou pão na casa do João, o Peruche roubou pão na casa do João. Quem eu? Eu não! Então quem foi? Foi o João. O João roubou pão na casa do João, o João roubou pão na casa do João..”

1 Comments:

Blogger Sara Puerta said...

hahahahah! Ótima crônica João.

17:14  

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