Ponto Jor

quarta-feira, agosto 01, 2007

Programa de indie?

Daniel Boa Nova

Acho que teria sido difícil fazer algo mais bacana no gelo da última sexta-feira. São Paulo, 27 de julho, Via Funchal. Indie Rock Festival era o nome nada criativo do evento.

Poucos isopores na rua e entrada sem fila. Casa quase vazia e Sol a cinco reais. Os pernambucanos da Nação Zumbi já no palco, mandando sua segunda música em um show que não foi dos mais inspirados. Fato compreensível ao se levar em consideração que, após dois anos de turnê, estavam em estúdio preparando o próximo lançamento e foram chamados às pressas para substituir o Mombojó – que recentemente passou pela triste perda de seu jovem flautista, Rafael Torres. Mesmo assim teve quem pulasse pelas clareiras da pista ao som de Blunt of Judah, Macô, Maracatu Atômico e Quando a Maré Encher.

Estranhamento pela Nação tocar antes. Foi entrarem em cena os lunáticos do Móveis Coloniais de Acaju e ter a certeza de que a produção acertara na ordem.

Eu já tinha ouvido falar bastante deles. E pude ver na prática a melhor performance de banda brasileira da atualidade. Dez seres esquisitos, todos vestidos em tons de cinza e azul claro – o que dava a impressão de estarem uniformizados – e correndo de um lado para o outro do palco. Baterista, baixista, dois guitarristas, dois saxofonistas, trombonista, flautista, gaitista/tecladista e um vocalista convulsivo com cara de hippie e voz de Cauby. No som, uma mistura de Mighty Mighty Bosstones, jovem guarda e música circense. Muitíssimo bem executada, tanto nas autorais quanto na cover inusitada de Glory Box, do Portishead. Show insano cujo ápice foi a invasão da pista pelos integrantes, que promoveram uma ciranda freak gigantesca. Sem dúvidas, os Móveis tendem a crescer. Eu já virei fã.

Da recente safra de bandas britânicas (Kaiser Chiefs, Arctic Monkeys, Bloc Party etc), o The Rakes talvez esteja em um patamar menor de popularidade. A notícia de sua apresentação no Brasil foi recebida com entusiasmo em blogs e outros veículos, mas por um ingresso tão caro o público não fez volume. Quando os ingleses começaram a tocar, não passavam de oitocentas pessoas. Contei uma por uma enquanto esperava minha cerveja, te juro.

Abriram com Terror, do primeiro disco. We Danced Together, das que eu conhecia e queria ouvir, veio logo em terceiro. Uma banda correta, profissional, que se não chega a demonstrar grande entusiasmo no palco – exceção feita a Alan Donohoe, o vocalista empolgadão que não parava de pular e, a cada oportunidade, soltava gritinhos pra platéia -, também não compromete. Violent foi outro bom momento. Work, work, work, minha predileta e seu talvez maior sucesso, veio no bis, que foi aberto com Little Superstitions. Para encerrar, The World Was a Mess But His Hair Was Perfect, faixa com título mais indie possível.

Apesar de vazio e do nome fraco, o Indie Rock Festival se saiu bem. Em uma noite fria como aquela, nada como um punhado de bons shows pra aquecer os ânimos.

7 Comments:

Blogger Luís Pereira said...

Fiquei imaginando como seria um Emo Rock Festival ... rs

10:57  
Blogger Luís Pereira said...

Fiquei imaginando como seria um Emo Rock Festival ... rs

10:57  
Anonymous Anônimo said...

Putz! Ano passado rolou Tim Festival a 180 paus. E tb não encheu. Esse ano vai ser a mesma velha história...

Ser Pseudo-Indie custa caro e não acrescenta. Alguém já pensou nisso?

13:52  
Blogger João Prado said...

Boa Paulinha, rsrsrrsrs. eu nunca tinha pensado nisso.

OBS: Perdi. queria ter ido!!!!

13:11  
Blogger Luís Pereira said...

É, mas a Paulinha, para os que não a conhecem, é a pessoa mais indie que eu já vi. Não é Consani e André? hehheehee ... Brincadeira Paulinha ... rs

17:05  
Anonymous Anônimo said...

HAUAHUHAUA!
Eu tinha CERTEZA de que vc iria me prestar essa homenagem!

Bjss Luisera, saudade docê!

09:37  
Blogger mel said...

essa ciranda do moveis coloniais parece trilha sonora do kusturika

04:56  

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