Ponto Jor

quarta-feira, agosto 15, 2007

Devia ser 90 ou 91, sei lá.

Daniel Boa Nova

Eu começava a me entender por gente e formatar uma certeza em vida: a música como paixão. Foi a mesma época em que rolou o Rock in Rio II e, pouco depois, o show gratuito do Sepultura na Praça Charles Miller, para onde fomos eu, meu irmão e minha mãe. Tipo programa família de sábado. Duas músicas e um arrastão depois, rumávamos de volta para casa. Eram tempos em que show da pesada significava morte – e depois fomos descobrir que naquele não foi diferente.

Pois bem, o New Model Army estava em evidência no momento. Nas rádios rock – sim, isso existia – Purity tocava diariamente e, na recém criada MTV, 51st State era clipe corriqueiro. Não à toa vieram se apresentar no Brasil no período e não, não levei minha mãe pra esse. Nem fui.

Quando aquele mesmo Sepultura regravou The Hunt, em 93 – época em que o NMA botava disco novo na praça e sua Here Comes the War tocava sem parar no dial –, eu já tinha me tornado fã. Mas o tempo passou, você vê, e nesse post paguei de tiozinho até demais.

Hoje, apesar de ainda lançarem discos, no Brasil o NMA é conhecido por poucos, a maioria fãs de outros tempos. Tive a impressão de ser o caçula no show dos caras na Clash, São Paulo, quarta-feira passada. Clube que, é importante dizer, deveria servir de exemplo. Ótimas instalações, bar amplo, espaço bem ventilado. Os preços são os mesmos de qualquer lugar, com o diferencial do limite para o número de ingressos. Algo essencial na cidade.

Uma maioria de homens entre os 300 e tantos assistindo à apresentação de Justin Sullivan – o líder e único membro original – e seus atuais parceiros. Que abriram com Whirlwind e já emendaram Space, ambas do disco Impurity. Confesso que desconhecia grande parte do set (e acabei descobrindo que o do dia anterior era mais a minha cara), mas tinha fã ali que conhecia tudo. E o show tinha uma pegada intensa, com os músicos dando tudo de si. Um destaque previsível foi 51st State, cantada como hino pela marmanjada fiel. No bis, The Hunt e Here Comes the War, as duas mais insanas da noite.

Tem sempre quem aponte uma ou outra que faltou – Purity, cacete! White Coats! -, mas tá valendo. Cumpriram seu papel e todo mundo foi pra casa satisfeito.