Ponto Jor

segunda-feira, outubro 01, 2007

A arte imita a vida e vice-versa

João Carlos Godoy

Hoje é muito comum algum programa humorístico de televisão produzir um quadro ou outro gozando com a imagem de um determinado governante. Esse tipo de ação já é rotina na vida dos telespectadores. Agora, até as novelas resolveram aderir à moda. Na sexta-feira (dia 28), durante a apresentação do último capítulo da novela da Rede Globo, Paraíso Tropical, uma cena muito hilária mostrou a realidade em que se encontra o nosso poder público. A personagem Bebel, estrelada pela atriz Camila Pitanga, depunha com muita “catiguria” para uma fictícia Comissão Parlamentar de Inquérito do Biodiesel. Ora, se não fosse trágico, talvez seria cômico. Por trás de todo o contexto humorístico da cena – que retrata muito bem o cenário político do Brasil – se tiram algumas semelhanças que infelizmente não são meras coincidências. Primeiro: a personagem era questionada sobre um possível caso com “o Senador” que possivelmente estava a sustentando com dinheiro de um usineiro do açúcar. Segundo: ao fundo do cenário, alguns atores figurantes representavam políticos, membros da suposta CPI que bocejavam, conversavam, falavam ao celular, ou seja, representaram muitos membros de muitas CPIs da vida real que não passaram de figurantes. Terceiro: a personagem comemorava em público um convite feito a ela, por uma revista masculina, para pousar nua. Volto a repetir, qualquer semelhança da arte com a vida real é mera coincidência. Sob esses fatos vale a pena citar dois grupos de pessoas de nossa classe social. O primeiro grupo, o qual me incluo, é o grupo do povo, do eleitor. Esse grupo, em relação à cena em questão da telenovela Paraíso Tropical, em relação à arte que imita a vida, resta gargalhar ou lamentar. Gargalhar do humor com que a personagem comemora com muita “catiguria” sua nova posição social. Ou lamentar, sim lamentar pela imagem que ali jaz de nossos governantes. Já o segundo grupo, dos nossos governantes, pelo menos para aqueles que ainda têm um pouco de vergonha, resta chorar. Sim, se ainda houver um pingo de dignidade, chorem. Chorem ministros, deputados, prefeitos, senadores, atuais e ex-presidentes, vereadores e governadores do Brasil. Chorem porque se a arte imita a vida, essa cena da telenovela Paraíso Tropical remete aos senhores e ao País o que virou a política nacional, uma piada. Por fim, aqui fica uma dica. A cena da telenovela em questão falou de uma tal de CPI do Biodiesel. Se daqui a alguns meses, essa CPI do Biodiesel estourar vai ser a primeira vez na história do País que a vida imitará a arte.

(João Carlos Godoy é pai do recém chegado João, jornalista e são paulino)

1 Comments:

Blogger Daniel Consani said...

Puta que pariu!
Que ótima surpresa ver o grande chapa Joãozinho Godoy por essas bandas!
Ótimo texto!
Grande abraço!

16:33  

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