Ponto Jor

terça-feira, maio 01, 2007

Pequena reflexão sobre o amor no dia do trabalho

Luís Pereira

A família burguesa tem uma grande influência na nossa sociedade atual. Até hoje há famílias mais tradicionais que ainda acreditam que o principal provedor da casa deve ser o marido e que a esposa é a principal responsável pela educação dos filhos. Mas, como toda interação social sofre algum desenvolvimento ao longo do tempo, essa estrutura está cada vez mais contestada, e o principal causador dessa mudança é a reação feminina no mercado de trabalho.

As mulheres buscam uma igualdade perante os homens, que nunca foi registrada anteriormente, e procuram uma liberdade de escolha, uma necessidade de independência financeira e de um espaço digno e reconhecido no mercado de trabalho.

Essa relação de individualidade é totalmente presente na sociedade atual. Estamos nos deparando com um conflito entre as realizações pessoais e individuais e a vida conjugal.

Os relacionamentos de afeto são liberados e as pessoas têm a escolha de lidar com seus sentimentos da forma que melhor lhe convir. Essa situação ainda gera muitos conflitos. Isso, porque, acredita-se que as crianças se tornaram o centro dos relacionamentos familiares e são priorizados de uma forma totalmente oposta da ocorrida em sociedades como a da Idade Média européia.

O amor incondicional que uma mãe tem por seus filhos é muito valorizado e livremente expresso por elas. Situação prazerosa e benéfica para ambas as partes. No entanto, em um grupo desestruturado, pode haver conseqüências desastrosas, se não for bem empregado.

Essa forma de amor pode tomar proporções tão grandes que superam os critérios de criação de valores consistentes e de uma educação consciente. A família contemporânea se encontra em período de transição e de individualização, que gera uma profunda anomia, em que muitas pessoas se encontram perdidas e sozinhas.

Não há mais um padrão sobre como o amor incondicional de uma mãe exerce influência sobre a formação do indivíduo. Há um mito de que todas as mães devem amar completamente e ininterruptamente seus filhos. Criou-se um ideal de amor, e quando esse ideal não supera as expectativas, há uma grande frustração.

Parece que, mesmo depois de tanto tempo esperando pela liberdade de poder expressar esse amor e sentimento de proteção grande que uma mãe sente por suas crianças, isso ainda é uma das relações mais complexas de se lidar. Depois de tantos séculos de reflexões da humanidade sobre a forma de amar, ela continua incompreendida por nós. Então, só nos resta sentir e passar ao próximo. E ter certeza de que essa é uma das maiores razões para se viver.