A lágrima clara sobre a pele escura
Daniel Consani
“A tristeza é senhora, desde que o samba é samba é assim”, cantou Caetano e a imagem ao lado não nos deixa enganar.
Pudera.
Enquanto o debate acerca da violência no país toma os bancos acadêmicos e as cadeiras de bar, chega o presidente Bush.
É a semana da cólera. Não, são os tempos da cólera como previu Garcia Márquez.
Domingo, 18 de fevereiro, Folha de S. Paulo, Mais!: “Se não defendo a pena de morte contra os assassinos, é apenas porque acho que é pouco. Não paro de pensar que deveriam ter uma morte hedionda, como a que infligiram ao pobre menino. Imagino suplícios medievais, aqueles cuja arte consistia em prolongar ao máximo o sofrimento, em retardar a morte”.
Estas são as palavras do filósofo Renato Janine Ribeiro, estudioso do Iluminismo, ao analisar o assassinato do menino João Hélio. É o ódio libertado de um pensador. E é de assustar, embora o mesmo Janine tenha se retratado na edição do último domingo, 4.
Quanto a mim, só consigo pensar nessa porra de foto, de Marcos Tristão, capa do Globo e da Folha. Trata-se de Edna Ezequiel. A filha Alana, 12, morreu de uma bala perdida durante uma operação da PM no morro dos Macacos, zona norte carioca. Alana tinha acabado de deixar a irmãzinha de dois anos na creche. Voltava para casa, de onde iria para a escola.
Os olhos injetados, as pulseiras. Quatro pulseiras de plástico. Uma delas com a bandeira brasileira. De ponta-cabeça.
Que Edna possa sorrir ao menos uma vez nesse que deveria ser o seu dia de ser congratulada, homenageada, glorificada.
Obrigado a todas as mulheres de qualquer maneira.
Pudera.
Enquanto o debate acerca da violência no país toma os bancos acadêmicos e as cadeiras de bar, chega o presidente Bush.
É a semana da cólera. Não, são os tempos da cólera como previu Garcia Márquez.
Domingo, 18 de fevereiro, Folha de S. Paulo, Mais!: “Se não defendo a pena de morte contra os assassinos, é apenas porque acho que é pouco. Não paro de pensar que deveriam ter uma morte hedionda, como a que infligiram ao pobre menino. Imagino suplícios medievais, aqueles cuja arte consistia em prolongar ao máximo o sofrimento, em retardar a morte”.
Estas são as palavras do filósofo Renato Janine Ribeiro, estudioso do Iluminismo, ao analisar o assassinato do menino João Hélio. É o ódio libertado de um pensador. E é de assustar, embora o mesmo Janine tenha se retratado na edição do último domingo, 4.
Quanto a mim, só consigo pensar nessa porra de foto, de Marcos Tristão, capa do Globo e da Folha. Trata-se de Edna Ezequiel. A filha Alana, 12, morreu de uma bala perdida durante uma operação da PM no morro dos Macacos, zona norte carioca. Alana tinha acabado de deixar a irmãzinha de dois anos na creche. Voltava para casa, de onde iria para a escola.
Os olhos injetados, as pulseiras. Quatro pulseiras de plástico. Uma delas com a bandeira brasileira. De ponta-cabeça.
Que Edna possa sorrir ao menos uma vez nesse que deveria ser o seu dia de ser congratulada, homenageada, glorificada.
Obrigado a todas as mulheres de qualquer maneira.
2 Comments:
Falou e disse.
Não vi a retratação do Janine, mas o cara foi muito infeliz no texto original.
Também gostaria de ver a retratação.
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