Ponto Jor

quarta-feira, maio 16, 2007

Pitstop na vagabundage

Daniel Boa Nova

Que estou de ferias jah eh sabido, zero novidade. Portanto, nao tenho o que dizer sobre Papa, Eneas, chacinas, campeonato brasileiro e Virada Cultural. Escrevo de um albergue em Santiago do Chile, onde faltam tils, cedilhas e acentos, mas sobra gente da Nova Zelandia, Australia, Canada, Estados Unidos. E eh um pouco dessa gente e tambem da gente que pretendo falar.

Ou seja, se te incomoda ler sobre amenidades escritas por um individuo no momento sossegado enquanto voce dah duro no batente, pare imediatamente.

Pois bem. Nunca estive nesta exata situacao: turista, na gringa e sozinho. Destas tres variaveis, jah passei por diversas combinacoes, mas nunca pelas tres juntas. O que fez deste ser um sujeito mais sociavel, em busca de companhia. Leia-se: os estadunidenses, australianos, franceses, britanicos e tambem os chilenos.

Em primeiro lugar, hoje tenho absoluta certeza de que esse tal "anti-americanismo" eh ignorancia pura. Tipico de quem pauta sua opiniao em cima de emocoes. Uma coisa eh o governo dos Estados Unidos, outra eh o povo. Querer culpar este pelo que faz o primeiro me soa algo injusto. Tem que ser muito engajado e coerente para levantar essa bandeira, tal e qual alguem que nunca conheci.

Sei la, gente estupida tem em qualquer lugar. Nao depende de nacionalidade. E os estadunidenses que conheci nesta viagem foram todos muito boa gente. Tem curiosidade de sobra a respeito de outras culturas e nao lhes faltam sentimentos negativos sobre seu governo. Alem do mais, na hora de ouvir rock, assistir a um filme do Woody Allen, ler um livro de Jack London ou simplesmente devorar um chisburgui, nao eh no Bush que a gente pensa. Neh?

Outra coisa. Hoje tenho bastante claro que, ao termos contato com estrangeiros, somos sempre embaixadores de nossa cultura, seja fora ou dentro do braza. Eh muito facil cair em preconceitos e mals-entendidos e nada me da mais vergonha que brasileiro fazendo papelao em terras estrangeiras.

Essa ficha me caiu logo na primeira noite em San Pedro de Atacama. O garcom do bar onde fui era colombiano, de Medellin. Ao saber disso comentei de bate-pronto: eh a terra do cartel, naum? O colombiano nao achou graca. Disse ser uma pena as pessoas nao saberem que, alem do trafico, existem seres humanos vivendo ali, em uma cidade muito bonita. E eu peguei o banquinho e sai de fininho.

Jah em Santiago, fiquei puto com duas chilenas, funcionarias do supermercado, que se limitaram a dizer que nao me entendiam ao inves de me ajudar. Estava na cara que eu era gringo, mas isso nao quer dizer um alienigena. Ainda assim, nao eh por isso que odiarei aos chilenos. Muito pelo contrario.

Agora, quando um estrangeiro me pergunta sobre o Brasil, algumas coisas nao consigo evitar. Uma que sim, a violencia existe e eh bom saber por onde anda. Outra que, se a ideia eh ir pra Sampa, melhor fazem indo pro Rio.

3 Comments:

Blogger João Prado said...

a visão cinza sobre os hermanos e brothers!

concordo em relação ao anti americanismo. alias, existem ótimos críticos americanos, que comentam com maestria o "american way of life".

Em relação ao gringo ir para sampa ou rio, goodnews, o melhor para mim seria a ponte aérea. Mas uma terceira via também conta... nem 8 e nem 80.

12:30  
Blogger Luís Pereira said...

Nada melhor do que vivenciar outras culturas para perceber que, em muitos casos, somos formados por opiniões minimalistas.

14:35  
Anonymous Anônimo said...

Legal essa visão dos outros povos... acredito que acima de tudo, todos são humanos.

Violência por violência a terra da garoa perde para o Rio, que, indiscutivelmente, continua - e espero sempre estar - lindo.

obs: Xarlis, você já está de volta, não? Recebi um convite para uma festa com você e DJ Molstarda nos toca discos.

10:15  

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