Mente sem lembranças?
Luís Pereira
Até que ponto pode ser saudável mudar a natureza humana? Até que ponto as novas tecnologias podem aprimorar a natureza dos homens ou deformá-las?
Segundo notícia publicada hoje na Folha de São Paulo, cientistas conseguiram apagar com sucesso a memória traumática de ratos condicionados a sentir medo sem afetar outras lembranças do animal.
Tal experiência me traz à memória (mesmo que isso soe engraçado agora) o célebre filme do diretor Michel Gondry e do roteirista Charlie Kaufman, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lebranças, estrelado por Jim Carrey e Kate Winslet e que conta a história de um cara que decide apagar a ex-namorada de suas lembranças, mas, ao perceber o quanto quer essas memórias vivas, trava uma intensa luta com o próprio cérebro.
Por um lado pode parecer interessante apagar lembranças impetuosamente traumáticas que possam causar sérios distúrbios na personalidade das pessoas. Entretanto, acho que uma severa discussão ética sobre o assunto deve ser promovida, classificando quais tipos de trauma realmente causam perturbação à saúde e se, assim mesmo, merecem ser apagados.
Acredito que estamos constantemente aprendendo com as situações nas quais nos deparamos na vida. Nos mais variados casos, experiências (como o próprio nome diz), por mais trágicas que possam ser, agregam valores, ou seja, ajudam a modelar o ser humano. E por mais que essa modelagem, dependendo da vivência, possa distorcer o caráter das pessoas, isso me parece o curso natural da vida e algo muito complicado de ser mudado.
Imagina se a moda pega (hipoteticamente pensando): um cara inconseqüente que gosta de velocidade sofre um acidente de carro e mata um colega. O trauma é tão forte que ele não consegue mais viver bem com isso, resolvendo, assim, esquecer-se do fato. Passa um tempo e esse cara volta a gostar de velocidade, volta a ser inconseqüente e deixa de ter medo de colocar outras vidas em risco.
Não que eu seja contra a ciência e a sua evolução. Acredito que experiências com o cérebro são muito importantes, e é fundamental que os homens aprendam mais sobre essa fantástica ferramenta do corpo.
O que me preocupa é que os estudos sobre o cérebro estão cada vez mais avançados e as suas práticas devem ser discutidas, como já avisou o perspicaz neurocientista Roberto Lent. Sugiro a leitura da entrevista concedida por Lent à revista Veja, em que alerta sobre os perigos da “medicina cosmética” e a necessidade de uma discussão ética sobre os avanços tecnológicos e as novas práticas da neurociência.
Até que ponto pode ser saudável mudar a natureza humana? Até que ponto as novas tecnologias podem aprimorar a natureza dos homens ou deformá-las?
Segundo notícia publicada hoje na Folha de São Paulo, cientistas conseguiram apagar com sucesso a memória traumática de ratos condicionados a sentir medo sem afetar outras lembranças do animal.
Tal experiência me traz à memória (mesmo que isso soe engraçado agora) o célebre filme do diretor Michel Gondry e do roteirista Charlie Kaufman, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lebranças, estrelado por Jim Carrey e Kate Winslet e que conta a história de um cara que decide apagar a ex-namorada de suas lembranças, mas, ao perceber o quanto quer essas memórias vivas, trava uma intensa luta com o próprio cérebro.
Por um lado pode parecer interessante apagar lembranças impetuosamente traumáticas que possam causar sérios distúrbios na personalidade das pessoas. Entretanto, acho que uma severa discussão ética sobre o assunto deve ser promovida, classificando quais tipos de trauma realmente causam perturbação à saúde e se, assim mesmo, merecem ser apagados.
Acredito que estamos constantemente aprendendo com as situações nas quais nos deparamos na vida. Nos mais variados casos, experiências (como o próprio nome diz), por mais trágicas que possam ser, agregam valores, ou seja, ajudam a modelar o ser humano. E por mais que essa modelagem, dependendo da vivência, possa distorcer o caráter das pessoas, isso me parece o curso natural da vida e algo muito complicado de ser mudado.
Imagina se a moda pega (hipoteticamente pensando): um cara inconseqüente que gosta de velocidade sofre um acidente de carro e mata um colega. O trauma é tão forte que ele não consegue mais viver bem com isso, resolvendo, assim, esquecer-se do fato. Passa um tempo e esse cara volta a gostar de velocidade, volta a ser inconseqüente e deixa de ter medo de colocar outras vidas em risco.
Não que eu seja contra a ciência e a sua evolução. Acredito que experiências com o cérebro são muito importantes, e é fundamental que os homens aprendam mais sobre essa fantástica ferramenta do corpo.
O que me preocupa é que os estudos sobre o cérebro estão cada vez mais avançados e as suas práticas devem ser discutidas, como já avisou o perspicaz neurocientista Roberto Lent. Sugiro a leitura da entrevista concedida por Lent à revista Veja, em que alerta sobre os perigos da “medicina cosmética” e a necessidade de uma discussão ética sobre os avanços tecnológicos e as novas práticas da neurociência.
3 Comments:
Luís,
Eu amo esse filme. E quando assisti parei pra refletir sobre isso. O intressante é que o filme já mostra que não adianta apagar as lembranças, ela vão voltar...
Mas será que só retirando o trauma, a lição fica?
Mas e daí? Bom, sei lá.
Existem lembranças que são tatuadas na alma...
Duvido que exista ciência que apague esse tipo de tinta...
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